Superioridade do socialismo no combate contra a covid-19
Por iniciativa do Partido Comunista Chinês, foi realizado um seminário por vídeo conferência no último dia 9, reunindo o PCCh e partidos comunistas da América Latina e do Caribe, com o tema: “Superioridade do socialismo na luta contra o COVID-19“. O objetivo do encontro foi promover a cooperação e o intercâmbio de experiências entre a China e a América Latina. Participaram, além do PCCh, o Partido Comunista de Cuba, Partido Comunista da Argentina, Partido Comunista do Brasil, Partido Comunista do Chile, Partido Comunista Peruano, Partido Comunista do Peru – Pátria Roja, Partido Comunista da Venezuela e Partido Comunista do Uruguai.
A delegação chinesa foi presidida por Song Tao, ministro do Departamento Internacional e Li Juan, vice-ministro. O PCdoB foi representado por Walter Sorrentino, vice-presidente e secretário de relações Internacionais; Ana Prestes, membro da Comissão Política Nacional e Márcio Cabreira, membro da Comissão Executiva Nacional.
Na oportunidade, Walter Sorrentino apresentou a contribuição do PCdoB, que pode ser lida, abaixo, na íntegra.
Superioridade do socialismo no combate contra o COVID-19
– Contribuição do Partido Comunista do Brasil –
O ano de 2020 estará para sempre marcado pela pandemia provocada por um novo coronavírus, o Sars-CoV-2. Evento histórico de grandes proporções humanitárias com a dolorosa perda de vidas humanas, a pandemia funcionou como um detonador das contradições sistêmicas e em agravamento no capitalismo. Por outro lado, evidenciou a superioridade dos governos socialistas para lidar com a crise e suas consequências sanitárias e humanitárias, econômicas e sociais.
Demonstra-se que o socialismo mais do que nunca é um horizonte para todos aqueles que colocam as vidas humanas em primeiro lugar. O falso dilema “vida versus economia”, que ocupa a pauta de tantos governos pelo mundo é o próprio fator etiológico da atual crise, que evidenciou o alto custo da exclusão social, da política econômica de austeridade e fiscalismo, bem como do sucateamento dos serviços públicos essenciais.
O mundo capitalista ocidental reagiu ao início da pandemia com um misto de descaso e preconceito, com traços de acusações criminosas. Preconceito por uma imagem distorcida e primária de que na China as pessoas vivem aglomeradas e sem higiene. Descaso, por considerar que algo tão distante geograficamente não pudesse chegar ao coração dos países ocidentais. Acusação criminosa, por levantar hipóteses de que o vírus teria sido intencionalmente fabricado em laboratório. Hoje, os efeitos dessa visão estão estampados nas tristes estatísticas das centenas de milhares de mortes nesses países.
Países socialistas como a China, assim como Cuba e Vietnã, têm sido exemplos da conduta responsável face à COVID-19, inimiga traiçoeira, invisível e avassaladora. A solidariedade humana prevaleceu nessas nações, expressa no extremo cuidado com suas populações por meio do investimento em estudos e pesquisas de medicamentos e vacinas, na venda e doação de equipamentos médicos para a proteção dos profissionais de saúde e no envio de ajuda humanitária a outros países. Evidenciaram também a importância estratégica de serviços públicos de qualidade, resultante de investimento social maciço em educação, saúde, ciência e tecnologia, própria do socialismo.
O Brasil é hoje um epicentro mundial da pandemia. Apesar do sistema de saúde universal, patrimônio nacional, este foi sucateado pela política econômica neoliberal dos últimos 4 anos. O atual governo sabota ativamente o enfrentamento da crise sanitária, e joga os elevados custos sociais nas costas dos trabalhadores, subempregados, precários e dos sem-trabalho, e de todos que discordam do rumo atual do país.
O PCdoB se concentra nesta hora para unir os brasileiros na luta pela Vida, Solidariedade e Democracia – uma grande exigência face ao avanço da escalada autoritária do presidente Bolsonaro. O partido empenha seus melhores esforços de ajuda ao povo com o governo de Flávio Dino, no Estado do Maranhão, com as redes de solidariedade organizadas por seus dirigentes e militantes, como as lideradas por Manuela Davila, no Estado do Rio Grande do Sul, nas legislações protetoras da renda do povo, pelo resgate do papel indispensável dos investimentos do Estado nacional e pelo império da ciência, da razão e da verdade.
A relação do Brasil com a China tem um peso muito importante para isso. Nós a consideramos “parceria estratégica”, elevada a prioridade durante os governos progressistas que levaram à fundação do BRICS. Em 2019, o Brasil recebeu a visita do presidente Xi Jinping para a reunião presidencial do BRICS. Nos últimos anos, o presidente Xi Jinping visitou 11 países da América Latina e Caribe. Em uma delas, no Peru em 2016, disse: “com um quinto do território de todo o planeta e perto de um terço da população mundial, China, América Latina e Caribe são forças cruciais para a paz e a estabilidade mundial”.
Na época, o presidente Xi complementou que a China aumentaria a partilha de sua experiência de governança e ampliaria o planejamento e a coordenação de macro políticas com a América Latina e o Caribe para uma melhor sinergia e desenvolvimento de planos e estratégias. Julgamos a iniciativa como algo de importância estratégica para que nossas nações possam trilhar um rumo autônomo e soberano para atender aos reclamos de nossos povos.
As relações da China com a América Latina e o Caribe vêm em uma curva crescente desde o início na década de 1960 e teve importante salto de qualidade nas primeiras décadas deste século. A China é hoje o segundo parceiro comercial de toda a América Latina. Segundo dados da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), neste ano de 2020, a América Latina e o Caribe enfrentarão a pior contração econômica desde 1900, com uma queda de 5,3% do PIB. A manutenção, portanto, do comércio entre países como Argentina, Brasil, Chile e Peru com a China são primordiais para amortecer essa gigante queda na região.
A pujança econômica chinesa tem sido o principal elemento da cada vez maior cooperação internacional, mas a aproximação cultural e de solidariedade internacional são também importantes propulsores. A pandemia da COVID-19 é um ótimo exemplo de como a cooperação científica e humanitária aproxima nossos povos.
Neste momento, em que aumenta a pressão imperialista por parte dos EUA sobre a região, com a ameaça de intervenção militar na Venezuela ou imposição de condicionantes econômicas sobre governos parceiros de Trump para não abrirem seus mercados para a tecnologia 5G de empresas chinesas, percebe-se que a presença chinesa incomoda aqueles que se acham donos do continente. No Brasil, elementos do governo desferem amplos e descabidos ataques à China.
O povo chinês celebrará em 2021 o centenário do Partido Comunista da China. Para nós do Partido Comunista do Brasil esta data demonstra o êxito da jornada de todo um povo na conquista de sua libertação nacional, na construção de um país desenvolvido e soberano e na promoção da justiça social para sua população.
Esta é uma vitória dos comunistas de todo o mundo. A passagem da data certamente será uma oportunidade de reflexão para os partidos comunistas de todo o mundo sobre os revezes e as conquistas, os maiores desafios do último período, a necessidade de cooperação e intensificação da solidariedade internacional.
Tais efemérides são oportunidades importantes para a organização de intercâmbios internacionais entre os comunistas de todo o mundo na busca por respostas às importantes questões colocadas para os progressistas neste momento da história da humanidade. Resguardadas as particularidades de plataformas já existentes e em pleno funcionamento como o Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Obreiros (EIPCO), ou o Foro São Paulo na América Latina e Caribe.
Estimamos imensamente os sucessos e a solidariedade da China a nosso povo. Ela é, certamente, recíproca por parte dos brasileiros amantes da paz e em prol de um destino comum progressista da humanidade. Somos pelo seu aprimoramento permanente, fator de grande estímulo na luta anti-imperialista de nossos povos e por uma alternativa socialista em nossos países.