UTIs lotadas em Estocolmo

A chefe de Saúde para municípios e regiões da Suécia (SKR), Marie Morell, informou que a vacinação no país nórdico deve ser colocada rápida e gratuitamente à disposição da população. Ela anunciou que as 21 regiões administrativas do país estarão prontas em janeiro ou mesmo antes. “Se tudo correr bem, há até uma chance de começar já entre o Natal e o Ano Novo”, ressaltou, destacando que a hora exige a integração e o empenho do conjunto das autoridades.

Na avaliação da Agência Sueca de Saúde Pública, todos os maiores de 18 anos terão acesso à vacina já nos primeiros seis meses de 2021, sendo garantida prioridade às pessoas consideradas de maior risco, como as que vivem em lares de idosos ou recebem assistência domiciliar – principalmente com mais de 70 anos – e profissionais de saúde que têm contato próximo a pessoas vulneráveis.

A decisão sueca vem depois do resultado negativo decorrente do negacionismo que levou o governo do país a desconsiderar as medidas preventivas e a confiar em uma suposta ‘imunização de rebanho’ que se mostrou irreal e anticientífica.

A ignorância, que chegou a ser saudada por Bolsonaro, cobra um alto preço aos suecos: suas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) lotadas, somando 7.300 mortes e cerca de 305 mil casos no país de apenas 10,3 milhões de habitantes, um dos mais altos índices de vítimas da Europa, bastante superior ao de seus vizinhos da região.

Países que tomaram medidas restritivas, com distanciamento, atenção e uso de máscara tiveram desempenho muito melhor diante da doença. A Dinamarca, totaliza menos de 800 mortos, com 5,8 milhões de habitantes; a Finlândia soma 415 mortos, com 5,5 milhões de moradores, e a Noruega 350, com 5,4 milhões.

“Precisamos de ajuda”, conclamou Bjorn Eriksson, diretor de saúde para a região da capital, Estocolmo, solicitando o envio imediato de médicos e enfermeiros especializados para o combate à Covid-19. Neste momento, apenas na área onde ele atua, estão internados 814 pacientes, em 83 UTIs. “Isso corresponde mais ou menos a todos os leitos de cuidados intensivos que normalmente temos”, descreveu.

Eriksson ressaltou que, além da força-tarefa, o governo da capital solicitará ao Parlamento a autorização para decretar um lockdown e que se abandone o caráter voluntário das restrições adotadas nas últimas semanas. Frente a uma segunda onda de coronavírus ainda mais intensa e mortífera, o governo sueco anuncia novas medidas de controle.

“A situação está piorando”, reconheceu o primeiro-ministro Stefan Lofven, o mesmo que chegou a dizer que uma segunda onda era “improvável” e cujas opiniões tinham sido utilizadas por Bolsonaro para tecer elocubrações sobre uma “gripezinha”. Agora, as reuniões e encontros que chegaram a ser permitidos na Suécia com até 300 participantes foram bruscamente cortados e encontram-se limitados a oito pessoas. “Não saiam para jantar, não façam festas. Cancelem”, apelou Lofven.