Equatorianos celebraram a vitória no parque El Arbolito, no Centro Histórico de Quito - Noticias Ecuador

Nos últimos minutos do domingo, dia 13, o presidente Moreno anunciou a revogação do Decreto 883, quando o movimento contra o que os equatorianos sublevados denunciam como “pacotaço”, imposto pelo FMI, entrava no seu 12º dia.

A sublevação tomou conta do país contra o pacote que gerou, logo no dia 3, dia seguinte ao decreto, um aumento de 123% no preço dos combustíveis.

O levante incluiu a ocupação do Centro Histórico da capital do Equador, Quito, por uma caravana de dezenas de milhares de manifestantes indígenas, barricadas por toda a capital, bloqueio de estradas e manifestações por todo o país.

Durante os 11 dias de protesto, o governo jogou o aparato policial e forças militares contra os manifestantes. A Defensoria do Povo, apesar de ser um órgão governamental, também se ergueu contra a agressão do governo ao povo e passou a divulgar boletins diários sobre as prisões em massa e a agressão aos manifestantes, que deixou um número absurdo de feridos. Segundo o boletim emitido no último dia dos protestos, o número de manifestantes mortos chegou a 7, 1340 pessoas foram feridas e 1152 manifestantes detidos.

De fato, os equatorianos pagaram um alto preço pela intransigência governamental de se aferrar aos termos de sua submissão ao FMI. Mais de 30 organizações internacionais de direitos humanos denunciaram uma “repressão desmedida por parte do Estado equatoriano, que gerou centenas de pessoas feridas e detidas ilegalmente e a morte de várias pessoas”.

A prefeitura de Quito informou, ainda pela manhã de domingo, que o transporte público estava suspenso, o aeroporto estava aberto apenas para pousos e mais de 60 ruas estavam interditadas por barricadas.

Um dos prédios governamentais, o da Procuradoria, foi incendiado. Durante toda esta manhã, o fogo das barricadas em chamas, misturado com o das bombas de gás lacrimogêneo enchia a cidade de fumaça. Uma parte dos equatorianos rebelados utilizaram artefatos caseiros e coquetéis Molotov.

A decisão do povo equatoriano foi de manter a sublevação no domingo, mesmo com o encontro entre governo e as organizações indígenas que estiveram na vanguarda da mobilização nacional que incluiu estudantes, trabalhadores e moradores dos bairros populares, uma vez que, no dia anterior, Moreno, anunciara o encontro, mas horas antes baixara outro decreto repressivo tornando Quito uma cidade ocupada e com toque de recolher marcado para começar às 15:00 do domingo, portanto, no mesmo momento em que se iniciariam as negociações.

Foi mantida a movimentação, para elevar a pressão sobre o governo, forçando-o a recuar. Em diversos pontos da capital, começaram a ser vistos soldados e policiais marchando pelas ruas ao lado dos manifestantes o que mostrava que Moreno já começava a perder o controle do aparato repressivo, inclusive com ocorrência em que tropa do exército defendeu manifestantes contra a polícia.