31/07/2017- Viena- O Brasil já tem duas duplas garantidas na fase eliminatória do Campeonato Mundial de vôlei de praia 2017, no naipe feminino. Elize Maia/Taiana (ES/CE) e Maria Elisa/Carol (PE/RJ) venceram seus confrontos nesta segunda-feira (31.07) e fecharam a fase de grupos com três vitórias, invictas na primeira colocação de seus grupos, foto Carol Solberg durante terceira vitória na fase de grupos Foto: FIVB

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) informou que vai recorrer da decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que impediu sua participação e do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) como “amicus curiae” (amigo da corte ou terceiro interessado), no processo da atleta Carol Solberg.

Com a decisão da Corte, o julgamento foi marcado para terça-feira (13).
Paulo Jeronimo, presidente da ABI, disse que a entidade “vai recorrer”. “Estamos diante de dois absurdos: um ataque à liberdade de expressão e o uso de dois pesos e duas medidas diante de declarações políticas de atletas”, acrescentou.

Carol Solberg foi denunciada ao STJD pelo subprocurador Wagner Vieira Dantas depois de ter falado “fora Bolsonaro” em uma entrevista à SporTV. Carol tinha acabado de vencer a disputa pela medalha de bronze do circuito brasileiro de vôlei de praia.

A ABI e o MNDH pediram para participar do processo como “amicus curiae” defendendo a absolvição da atleta. As entidades argumentam que o processo contra a jogadora é uma “afronta ao direito da liberdade de expressão”.

No pedido, as entidades apontam que outros atletas, como Felipe Melo, jogador de futebol do Palmeiras, e Wallace e Maurício Souza, jogadores de vôlei, declararam apoio ao governo Bolsonaro, inclusive durante as eleições, mas nunca foram denunciados por isso.

O relator do processo, Robson Vieira, negou o pedido alegando que a participação de entidades não está prevista no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).

“Ao caso em tela, as entidades requerentes não detêm legitimidade ou capacidade postulatória perante a Justiça Desportiva posto seus objetos sociais, apesar de elevado cunho democrático e social, não encontram qualquer vínculo com o caso em análise ou mesmo com a seara desportiva”, disse Vieira.

Na denúncia, Wagner Dantas argumenta que Carol teve uma “conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva”.

No entanto, como diz o presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), “a Constituição é muito clara. Essa liberdade de expressão, dentro do sistema democrático, é clara”. E o CBJD não está acima da Constituição.

Maia disse que a denúncia contra Carol Solberg é “errada, arbitrária” e “não tem base nenhuma para avançar na Justiça Esportiva brasileira”.

O deputado federal e candidato a prefeito de São Paulo, Orlando Silva (PCdoB-SP), foi um dos primeiros políticos e personalidades que repudiaram e se solidarizaram com a atleta. “É um absurdo! Nossa solidariedade à atleta e repúdio à repressão”, escreveu Orlando no Twitter.

O deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) declarou seu apoio à atleta pelas redes sociais. “Todo apoio a Carol Solberg, que está sendo denunciada pelo STJD por se manifestar politicamente.

Isso é censura! Nossa democracia está em risco e não vão nos calar. FORA BOLSONARO!”, escreveu.

A ex-deputada federal e candidata a prefeita de Porto Alegre (RS), Manuela D’Ávila (PCdoB), também se solidarizou.

“Toda minha solidariedade à Carol. A luta pela democracia e liberdade de expressão é todo o dia!”, disse.

O ex-jogador e comentarista Walter Casagrande já havia dado seu apoio e condenado a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) por ter repreendido o ato de Carol.