STF abre inquérito para investigar atos pela volta da ditadura

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na terça-
feira (21) a abertura de um inquérito para apurar a organização dos atos contra a democracia,
que aconteceram domingo (19) em algumas cidades do país.
O presidente Jair Bolsonaro participou de um destes eventos, convocados sob pretexto de
cobrar a reabertura do comércio e o afrouxamento do isolamento social, mas que adotaram
como pauta o fechamento do Congresso e do STF, além da defesa de uma “intervenção
militar” com reedição do AI-5, ato institucional que endureceu a ditadura no Brasil. Ele subiu
na carroceria de uma caminhonete em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília,
onde discursou diante de manifestantes.
A decisão do ministro é uma resposta ao pedido feito pelo procurador-geral da República,
Augusto Aras, que não incluiu Bolsonaro entre os alvos do inquérito, pois o PGR entende que
ele não participou da organização dos atos.
O pedido de Aras visa apurar apenas a atuação de deputados federais entre os organizadores e
defensores das manifestações. Porém, em razão da presença de pessoas com prerrogativa de
foro privilegiado o caso está no STF. De acordo com a assessoria do procurador-geral da
República, o inquérito é sigiloso e não deve ser divulgado na íntegra. Os nomes dos envolvidos
também não foram divulgados.
Segundo informações do Ministério Público Federal, o inquérito visa a apurar possível violação
da Lei de Segurança Nacional (7.170/1983). “O Estado brasileiro admite única ideologia que é a
do regime da democracia participativa. Qualquer atentado à democracia afronta a
Constituição e a Lei de Segurança Nacional”, afirmou o procurador-geral.
Em sua decisão, Alexandre de Moraes classificou como “gravíssimos” os fatos apresentados
pela PGR, uma vez que atentam contra o Estado Democrático de Direito brasileiro e suas
Instituições republicanas.
O ministro diz que a Constituição não permite financiamento e propagação de ideias contra o
Estado Democrático, nem manifestações buscando romper o Estado de Direito, com fim das
cláusulas pétreas, como voto direto, secreto, universal e periódico; separação de poderes e
direitos e garantias fundamentais.