Delegação à 22ª Assembleia do CMP, em Hanói, de 21 a 26 de novembro, a camarada Socorro Gomes aparece na primeira fila, ladeada pelo Presidente da República Socialista do Vietnã, Nguyễn Xuân Phúc (direita) e Phafilis Thanassis, secretário-geral do CMP (esquerda)

Durante a reunião do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, realizada dias 3 e 4 de dezembro, a camarada Socorro Gomes, que integra as fileiras do máximo organismo dirigente do Partido, fez uma intervenção em que apresentou a síntese de sua atividade como presidente do Conselho Mundial da Paz, que exerceu no período de 2008 a 2022.

A nossa presença na Presidência do Conselho Mundial da Paz foi uma consequência da criação e desenvolvimento do Cebrapaz em 10 de dezembro de 2004. Assumimos tal presidência em abril de 2008, em um congresso realizado na capital venezuelana, Caracas, a reeleição se deu em um Congresso em Katmandu, Nepal, e a última eleição para o terceiro mandato ocorreu no congresso de São Luís, Maranhão, em 2016.

Na gênese do Cebrapaz esteve a luta contra a preparação e eclosão da guerra no Iraque, de 2001 a 2003 e a guerra no Afeganistão em 2001
O Cebrapaz como núcleo político de uma organização política e social, se afirmou e adquiriu foro de cidadania, antes mesmo de sua criação oficial, nos Fóruns Sociais Mundiais de Porto Alegre no início dos anos 2000.

Igualmente, em relação principalmente à guerra no Iraque este núcleo inicial do Cebrapaz organizou coleta de assinaturas com dezenas de deputados e senadores no Congresso Nacional. O documento se tornou uma referência e foi difundido por organizações internacionais.
O Cebrapaz é fruto de uma justa concepção política e ideológica desenvolvida pela Secretaria de Relações Internacionais do Partido, nos finais dos anos 1990 e inícios dos 2000.

“A solidariedade internacional é elemento essencial da luta anti-imperialista como componente estratégico da luta pelo socialismo, é uma expressão do internacionalismo de massas, da diplomacia popular, um traço de união entre todos os momentos da história das lutas dos povos por sua soberania e independência, muitas das quais resultaram em revoluções populares vitoriosas. A solidariedade internacionalista é um dever indeclinável de todo militante dos movimentos políticos e sociais, incluindo os comunistas, socialistas e ativistas da esquerda consequente e revolucionária. O internacionalismo e a solidariedade entre povos, estão intrinsecamente ligados à luta pela paz e ao patriotismo popular”, dizia o então secretário internacional e vice-presidente do PCdoB, José Reinaldo Carvalho.

Encontram-se nesses episódios históricos de luta popular e internacionalista as ideias de Simón Bolívar, José Martí, Marx, Lênin, Stálin, Ho Chi Minh, Mao Tsetung, Fidel Castro, Nelson Mandela e tantos outros próceres das lutas anticolonialistas e anti-imperialistas. Do Brasil foram delegados aos primeiros congressos do CMP os camaradas Carlos Marighella e Pedro Pomar. Jorge Amado, Graciliano Ramos e Cândido Portinari, importantes artistas brasileiros que eram membros do Partido, assinaram manifestos do CMP na época da sua fundação, em finais da década de 1940 e inicio da de 1950.

Na comemoração dos 10 anos do Cebrapaz, em ato realizado na Câmara Municipal de São Paulo, o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, afirmou que “a luta pela paz é a um só tempo estratégica e tática, ampla e radical, é uma bandeira revolucionária”.

Foi sob a orientação destes princípios que o Cebrapaz se desenvolveu e que levamos adiante a nossa ação no Conselho Mundial da Paz.
Nestes 14 anos, desde que assumimos a presidência do CMP, dedicamo-nos diuturnamente à solidariedade internacional e à defesa da paz, do ponto de vista democrático, popular e anti-imperialista, atuando unitariamente com todo o movimento social brasileiro e internacional na perspectiva de ativar a solidariedade com os povos agredidos pelas potências imperialistas. É lúcida a definição de fundir num só movimento a defesa da paz e a solidariedade internacional e de atuar com perspectiva unitária.

Nosso propósito no CMP e no Cebrapaz foi construir uma corrente de opinião e uma organização plural, unitária, democrática, defensora da soberania das nações e povos, solidária e humanista, na dimensão da defesa dos direitos humanos. Nosso compromisso e ação se voltaram para a defesa da paz mundial, contra as guerras de ocupação, em defesa da soberania de todos os povos e nações; a denúncia dos crimes de guerra, os massacres de populações civis, a abominável prática da tortura, a defesa dos direitos humanos; e a solidariedade ativa a todos os povos que lutam por seus direitos sociais e políticos, autodeterminação e participação soberana nos assuntos internacionais.

Participamos ativamente, lado a lado com outros movimentos políticos e sociais, da solidariedade com os povos agredidos pelo imperialismo e seus aliados. Com o povo palestino, martirizado pelo sionismo genocida do regime israelense; com os povos do Iraque, Líbia e Síria, agredidos pelo imperialismo estadunidense; com o heroico povo cubano na sua ciclópica luta contra o bloqueio que os Estados Unidos lhe impuseram há mais de 60 anos, na campanha pela libertação dos cinco patriotas; com o povo do Saara Ocidental e todos os que lutam contra o colonialismo; com os povos irmãos latino-americanos, sempre na alça de mira do imperialismo; nos esforços pela paz na Colômbia, inclusive testemunhando a libertação de prisioneiros; no empenho, ao lado das forças progressistas latino-americanas e caribenhas, pela integração regional soberana, por meio de mecanismos multilaterias como a Unasul, a Celac e a Alba; com os povos africanos, contra o saque de suas riquezas e por sua emancipação naconal e social; e com os trabalhadores e povos de todo o mundo, na luta por uma nova ordem internacional, pela democratização das relações entre os Estados nacionais, em defesa da soberania nacional contra a ingerência das potências hegemônicas.

Com aguda compreensão dos problemas mundiais, a entidade firmou a convicção de que as causas da guerra radicam no injusto sistema econômico e político vigente nos países imperialistas. Por isso, não desvincula a conquista da paz mundial da luta contra a opressão nacional e social e proclama-se como anti-imperialista.

O Conselho Mundial da Paz luta contra a escalada da militarização no mundo, principalmente devido à ação imperialista de desestabilização e ingerência, de apoio incondicional ao sionismo israelense e sua ocupação sobre os territórios palestinos, ameaçando também seus vizinhos árabes, o ressurgir do fascismo e da extrema-direita na Europa e na América Latina, com ameaças golpistas para conter o avanço progressista e soberano dos últimos anos, as manobras militares de ameaça e assédio da Otan e seu expansionismo em direção à Rússia, as ingerências dos Estados Unidos também na vizinhança da China, com o apoio à remilitarização do Japão, a criação do Aukus e do Qadrilátero no Indo-Pacífico, a ingerência no Mar do Sul da China e no Estreito de Taiwan, as provocações nucleares contra a Coreia Popular, a chantagem nuclear de um modo geral, entre outros temas prementes na agenda de lutas do movimento pela paz.

Num mundo marcado por permanentes ameaças de guerra, ingerências das grandes potências nos assuntos internos dos Estados nacionais, de saque das riquezas e violações dos direitos dos povos, são enormes os desafios ao movimento pacifista e anti-imperialista. Entre os desafios urgentes, lutamos pela superação das novas manifestações de fascismo na Europa Oriental, designadamente na Ucrânia e em solidariedade com as populações do Donbass, sob massacre por parte dos governos ucranianos desde o golpe de Estado de 2014. Igualmente, condenamos a ação do imperialismo estadunidense, da União Europeia e do seu braço armado, a Otan, com suas políticas de expansão até as fronteiras russas, numa clara tentativa de golpear esse país. É nas ações daquelas potências que residem as causas do atual conflito na Ucrânia.

Na atual conjuntura internacional, fortalecer organizações como o CMP e o Cebrapaz é um imperativo às forças progressistas, patrióticas e internacionalistas.

A solidariedade internacionalista e a luta pela paz vão inelutavelmente transformando-se em assuntos emergentes, na contramão dos interesses do imperialismo. A subestimação deste tema revela os equívocos de forças progressistas que, por desaviso ou oportunismo, ignoram os fatos da ação solidária internacional.
O CMP e o Cebrapaz somam-se ao empenho dos países, povos, organizações políticas e sociais no soerguimento do mundo multipolar, na solução política dos conflitos internacionais, no espírito dos aspectos fundamentais da Carta da ONU.

Eventos e campanhas de destaque

Como CMP e Cebrapaz, tivemos presença destacada em alguns eventos e campanhas:

Fórum Social Mundial
Fórum Social das Américas
Fórum Social das Alternativas
Campanha contra a Alca
Campanha pela Alba
Congresso Bolivariano os Povos
Congresso de Solidariedade ao Povo Palestino
Seminário contra as Bases Militares, realizado a cada dois anos em Guantánamo, Cuba
Conferência Contra a Guerra na Síria, realizada no Irã
Conferência Sobre a Guerra da Otan na Sérvia
Conferência na ONU Contra as Armas Nucleares, com presença do secretário-geral
Presença e intervenção na Conferência dos Países Não Alinhados em duas ocasiões, na Venezuela (2016) e no Azerbaijão (2019)
Campanha contra a Otan
Campanha contra as bases militares no mundo
Campanha contra as armas nucleares
Conferência e atos em Moscou, Rússia, em homenagem ao triunfo dos povos na Segunda Guerra Mundial, no transcurso dos 70 anos (2015)
Conferências na China organizadas pelo CPPAD, organização coirmã do Cebrapaz
Atos em solidariedade com Cuba, Venezuela, Síria, Irã, Palestina, Saara Ocidental
Durante o período em que exercemos a presidência do CMP desenvolvemos relações profundas de amizade com países anti-imperialistas e socialistas, nos quais fomos recebidos pelas lideranças máximas, partidárias e de governo.

Leia reportagem completa sobre a realização da 22ª Assembleia do Conselho Mundial da Paz no sítio do Cebrapaz.  Nessa assembleia, a  camarada Socorro Gomes transmitiu a presidência da entidade ao camarada Palab Sengupta da AIPSO (Organização de Paz e Solidariedade da Índia)