Apesar da vitória do PSOE, a recuperação do PP e a ascensão do Vox tornam o quadro político espanhol mais complexo

Com 98% dos votos apurados, os socialistas espanhóis (PSOE) estavam vencendo as eleições deste domingo na Espanha, basicamente mantendo a bancada que tinham, com uma cadeira a mais, 120 deputados, mas sem maioria para governar, que é 176 deputados. Foi a segunda eleição geral em sete meses. A participação foi um pouco menor do que as eleições de abril, com quase 57% dos eleitores comparecendo às urnas.

A convocação de eleições ocorreu devido à incapacidade do líder do PSOE, e primeiro-ministro em exercício, Pedro Sanchéz, que vencera em abril mas sem maioria, não ter conseguido concretizar uma aliança com o bloco de esquerda constituído pela Esquerda Unida e o Podemos, o Unidos Podemos.

O Partido Popular, que agora até já pode posar de direita civilizada e que perdera em abril espaço para o Cidadãos, que se diz de ‘centro-direita’, recuperou-se, com sua bancada, de 66 indo para 87 cadeiras no parlamento.

O Cidadãos, que em abril surpreendera elegendo 57 deputados, definhou para apenas 10. O que acabou também favorecendo os xenófobos do Vox e sua histeria contra autonomistas catalães e imigrantes, que inchou de 24 para 52 parlamentares.

O Unidos Podemos conquistou 35 deputados, contra 42 em abril. Pela primeira vez, os partido Más País, com 2 deputados, e CUP, com mais 2, entraram no parlamento espanhol. Além disso, os partidos catalães ERC e JxCat alcançaram respectivamente 13 e 8 mandatos, enquanto os partidos bascos PNV e Bildu elegeram 7 e 5.

Em Roma, o ex-ministro do Interior italiano e notório perseguidor de imigrantes, Salvini, comemorou o sucesso dos “amigos espanhóis” do Vox.

Na véspera, o líder do PSOE e primeiro-ministro interino Sanchéz manifestara sua expectativa de que as eleições iriam possibilitar “ter estabilidade para formar um governo e colocar a Espanha em movimento”.

Apesar da vitória do PSOE, a recuperação do PP e a ascensão do Vox tornam o quadro político espanhol mais complexo, não mais fácil para Sanchéz, que não repetiu a bem sucedida experiência da ‘Geringonça’ no vizinho Portugal, em termos de amenizar os estragos criados pela Troika.

O líder do Unidos Podemos (UP), Pablo Iglesias, prometeu “deixar as censuras [mútuas] para trás” e ajudar o Partido Socialista dos Trabalhadores Espanhóis (PSOE) a formar um governo estável de esquerda e evitar um governo de direita, no quadro das eleições gerais deste domingo. Iglesias assinalou que “a única maneira de frear a extrema direita” é formar uma maioria parlamentar “sólida”. Ele conclamou o PSOE a estender pontes e traçar as linhas mestras de um possível pacto. “Estamos dispostos a negociar una coalizão amanhã mesmo”.