Cresce o número de sindicatos e centrais que, nos EUA, declaram a intenção de fazer greve se Donald Trump perder e se recusar a deixar o cargo. Pessoas seguram cartazes num comício, em 20 de julho de 2020,em Las Vegas. | John Locher / AP

Por Mark Gruenberg (*)

Os Conselhos Centrais do Trabalho em Rochester (N.Y), Seattle e Massachusetts convocam uma greve geral caso republicano Donald Trump tente roubar a eleição de 3 de novembro.

A primeira resolução, de Rochester, em 8 de outubro, foi enviada aos sindicalistas da AFL. A AFL-CIO de Massachusetts postou sua convocação de greve geral em 19 de outubro, num tweet.
Seattle também convocou, no final de outubro, uma greve geral e programou uma sessão de treinamento para uma ação pós-eleição, para seus membros. no fim de semana de 31 de outubro e 1º de novembro, como relatou “The Stand”, seu site de notícias.

A resolução de Seattle pede “ações não violentas, incluindo uma greve geral para proteger nossa democracia, a constituição, a lei e as tradições democráticas de nossa nação”.

O Conselho Trabalhista Central do Condado de Martin Luther King (Seattle) também aprovou medida semelhante, “para iniciar a discussão” sobre o que fazer em uma situação extrema, disse a sindicalista Nicole Grand ao jornal “The Guardian”.

A greve geral seria a resposta à tentativa de Trump de roubar a eleição. Além do uso de milicianos de direita para intimidar eleitores – principalmente pessoas de cor -, Trump e o Partido Republicano podem tentar anular votos populares por meio de legislações estaduais e governos do Partido Republicano, impedir a contagem de muitos dos 70 milhões (até agora) de cédulas enviadas pelo correio, mandar milícias armadas para intimidar eleitores nos locais de votação.

A resolução de Rochester acusa sem rodeios a Trump e defende a necessidade da greve geral. Tanto Trump quanto o vice-presidente, Mike Pence, “se recusaram sistematicamente a declarar publicamente que respeitarão os resultados da eleição e, no caso de derrota, deixar o cargo de presidente”, diz o documento. E chama Trump de “um ditador tirano”.

A resolução lista também as maneiras pelas quais Trump fomenta a agitação, que levaria os trabalhadores à greve geral. Elas incluem o “desmantelamento da infraestrutura fundamental” para a votação, notadamente o serviço postal, corte de eleitores e desinformação como métodos para roubar a eleição, e a recusa de Trump “em denunciar… milícias e organizações da supremacia branca e fascista” que planejam “derrubar a democracia nos EUA”.

“Exigimos que a constituição seja seguida, e que os eleitores e não os tribunais determinem os resultados da eleição”, diz a resolução de Rochester. Olham tanto para frente – para onde a maioria de seis juízes do Supremo Tribunal nomeada pelo Partido Republicano poderia decidir o resultado – quanto para a sentença de 5 a 4 da corte na eleição de 2000, dando a vitória para George W. Bush.

“O risco extremo que atualmente representa para as instituições históricas da democracia em nossa nação pode exigir uma resistência mais ampla e vigorosa do que em qualquer momento da história recente”, acrescenta a resolução. E declara que uma greve geral é a “ferramenta mais poderosa” dos trabalhadores e “um poder maior do que qualquer maquinação política de aspirantes a déspotas”.

Rochester colocou-se “firmemente contra qualquer tentativa de subverter, distorcer, deturpar ou ignorar o resultado final da eleição presidencial de 2020”, e exige que a AFL-CIO e os sindicatos “se preparem e declarem uma greve geral de todos os trabalhadores para garantir uma transição de poder pacífica, como manda a Constituição”.

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*Mark Gruenberg dirige o escritório de People’s World em Washington.