Cartaz do Lincoln Project liga Ivanka e Jared ao número de mortos em NY e nos EUA | Foto: People

O grupo Lincoln Project foi responsável pela colocação de outdoors na praça central de Nova Iorque, a Times Square, ridicularizando o casal Ivanka Trump (filha de Trump) e Jared Kushner (genro) pela sua participação na falência da administração Trump diante do coronavírus. O casal ameaça processar o grupo.

Quando informados da ameaça do casal, os diretores do grupo responderam: “Eles nunca deram a menor indicação de consideração pelo povo norte-americano. Damos a eles o mesmo nível de respeito”.

Isso é apenas um exemplo do tratamento que grupos cada vez mais numerosos de republicanos estão dando ao atual e desastroso ocupante da Casa Branca.

A virada anti-Trump se reflete nos resultados das pesquisas dos chamados swing-states (Estados-pêndulos) nos quais Trump venceu Hillary por margem mínima, mas suficiente para obter a maioria de delegados ao Colégio Eleitoral que escolhe o presidente. Foi assim com a margem de 0,72% a seu favor em Pensilvânia, 1,2% na Flórida e 0,77% no Wisconsin.

Esta semana, pesquisa do consórcio de agências Reuters/Ipsos, contratada pelo jornal New York Times deu vantagem a Biden se alargando nestes três Estados: de 5% na Pensilvânia, 4% na Flórida e 9% no Wisconsin.

Além do Lincoln, já produziram notas, anúncios e cartazes outros grupos, entre eles o “Republican Voters Against Trump”; “Pro-Life Evangelicals for Biden”; “Biden Republicans”; “Jewish Republicans for Biden” e “Republicans and Independents for Biden.”

Fora esses grupos organizados, há uma longa lista de ex-funcionários da Casa Branca e ex-chefes da Segurança e das Forças Armadas dos EUA que atuaram sob comando de outros presidentes republicanos e mesmo de Trump que já assinaram cartas abertas, anúncios em grandes jornais ou expressaram opinião sobre a incapacidade de Trump para o cargo de presidente.

Billy Kistol, por exemplo, que fundou a revista conservadora “The Weekly Standard”, que já deixou de circular e depois se tornou editor do portal direitista “The Bulwark”, foi quem criou o grupo ‘Republican Voters Against Trump’.

Os republicanos que integram estes grupos já se autodenominam os never-trumpers (nunca Trump) e deixam claro que permanecem republicanos, mas que com Trump é impossível marchar nas eleições que se avizinham.

Uma das diferenças entre os que formam estes grupos e os democratas é que os republicanos fazem questão de não medir palavras para expressarem sua desilusão com Trump. Costumam afirmar que Trump trai os valores familiares, o império da lei e a própria Constituição.

Rick Wilson, um marqueteiro de longa data a favor dos republicanos, publicou há pouco um livro intitulado: “Concorrendo contra o diabo: a articulação para salvar a América de Trump”. Ele, que é o fundador do Lincoln Project que publicou o outdoor citado no início da matéria em Nova York, tem alertado os democratas que eles “devem entender que para Trump nada constitui limite, incluindo recurso aberto ao crime”.

“Não há sensação de baixeza. Não há vergonha. Não há limites”, conclui Wilson.