Servidores da Receita deixam cargos e convocam greve contra cortes
Os auditores da Receita Federal iniciaram na terça-feira (21) protestos contra os cortes no orçamento do órgão, a não regulamentação do bônus e o arrocho da categoria, que não tem reajuste salarial há cinco anos.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita (Sindifisco), 324 profissionais da categoria já entregaram seus cargos comissionados em 10 regiões fiscais do País: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Paraíba, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
A reação dos auditores ocorre após o governo anunciar reajuste apenas para policiais federais no próximo ano, ao mesmo tempo em que congela os salários do conjunto dos servidores, levando a protestos de repúdio entre as entidades do funcionalismo.
Segundo nota do Sindicato Ncional dos Auditores Fiscais da Receita (Sindifisco Nacional), o relator do orçamento, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), na discussão da peça orçamentária para 2022, descumpriu o acordo para a regulamentação do pagamento de bônus para servidores do órgão e fez um corte adicional de verbas da Receita para o ano que vem.
“A Receita Federal vem, nos últimos meses, quebrando recordes de arrecadação e ajudando a impulsionar a recuperação da economia nacional graças a um empenho extraordinário do seu quadro de Auditores-Fiscais e demais servidores”, diz a entidade.
Conforme o Sindifisco, “esse empenho foi derivado, sobretudo, da expectativa em ver solucionada, finalmente, a regulamentação do bônus de eficiência, fruto de acordo salarial entabulado há cinco anos”.
Em nota, a entidade afirma que, “adicionando insulto à injúria, recursos da própria Receita Federal serão cortados para satisfazer os reajustes acordados com as carreiras policiais, numa demonstração de absoluto desrespeito à administração tributária, que, como nunca, tem se empenhado para prover a sustentação financeira do Estado brasileiro”.
Os auditores afirmam que a Receita teve seu orçamento reduzido em 51,4%, e que os cortes atingem principalmente a administração das unidades e a gestão de soluções informatizadas, além dos cortes poderem afetar o pagamento de contas de água e energia elétrica.
“Diante desse quadro de rebaixamento e humilhação institucional, o Sindifisco Nacional convoca todos os Auditores-Fiscais a uma dura e contundente resposta, com a paralisação imediata de todos os trabalhos e a entrega maciça das funções e cargos de chefia, movimento que já vem ocorrendo nos últimos dias”, prossegue a nota do Sindifisco.
“A Receita Federal não merece e não pode ser humilhada mais uma vez. Somente uma reação em uníssono da Casa pode mostrar ao mundo político a nossa força e o nosso poder de indignação”, diz a nota.