Servidores da Funai exigem saída do presidente do órgão
Os servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) anunciaram que entrarão em greve na próxima quinta-feira (23), em todas as unidades dos estados e no Distrito Federal.
Em nota divulgada pela Indigenistas Associados (INA), associação que representa os servidores da Funai, a categoria exige a identificação e responsabilização de todos os culpados pelo bárbaro assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips e a saída imediata do presidente do órgão, Marcelo Augusto Xavier da Silva, que “vem promovendo uma gestão anti-indigenista na instituição”.
Marcelo Xavier, diferente do que se imaginaria do presidente da Funai, além de ser alvo de críticas da autarquia, goza do apoio das chamadas bancadas ruralista e da bala, com quem mantém proximidade e agendas cujo tema é dirimir questões indígenas que afetam seus redutos eleitorais.
Em audiência pública na Câmara, ano passado, por exemplo, na Comissão de Direitos Humanos, o presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), a bancada ruralista, o deputado Sérgio Souza (MDB-PR), foi um dos defensores da “revisão” do controle indígena de suas terras.
Na semana passada, o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e a INA divulgaram um dossiê em que afirma que o governo de Jair Bolsonaro (PL) tem imposto uma política anti-indigenista na Funai, marcada pela não demarcação de territórios, perseguição a servidores e lideranças indígenas, somada a uma militarização de cargos estratégicos e a esvaziamento de quadros da entidade.
O desaparecimento do indigenista e do jornalista evidenciou o desmonte que o órgão vem sofrendo na última década e que se potencializou exponencialmente durante o governo Bolsonaro. Esse processo de desestruturação passa desde reduções orçamentárias, demissão de servidores a falta de equipamentos. A gestão Bolsonaro já negou dois pedidos para realização de concursos feitos pela fundação (em 2019 e 2020), outros dois ainda em análise pelo Ministério da Economia.