Os servidores públicos iniciam este ano com o primeiro Dia Nacional de Mobilização em defesa do reajuste salarial para todas as categorias do já no próximo dia 18 de janeiro. Sem respostas do governo Bolsonaro sobre as mobilizações que ocorrem desde o final do ano passado, a categoria convoca o ato para a frente ao Ministério da Economia e à sede do Banco Central, em Brasília.

A data para a primeira paralisação foi aprovada no último dia 29 de dezembro, em reunião do Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), e faz parte de um calendário de mobilizações da categoria que conta ainda com indicações de novas paralisações para os dias 25 e 26 de janeiro, caso o governo federal mantenha o silencio sobre a reivindicação.

O presidente do Fonacate, Rudinei Marques, afirmou que a greve se deve à necessidade de se garantir o reajuste a todo o funcionalismo e não apenas aos policiais, como pretende o governo.

“Nós sabemos que os policiais tiveram assegurado um percentual de reposição. Eles também estão com salários congelados nesse período e a luta deles também é legítima. Mas nós temos que observar que 1,1 milhão de servidores federais também estão com seus salários congelados. Já tem algumas entidades, como os auditores fiscais agropecuários, que já estão parando. A própria Receita está parando”, disse Rudinei.

Mesmo com as paralisações que já iniciaram, como dos auditores da Receita, os auditores do Trabalho e os servidores do Banco Central – que também entregaram cargos comissionados – o governo se mantém calado sobre o movimento. Ao contrário, as últimas declarações do ministro Paulo Guedes foram para se posicionar contra a concessão de reajuste para qualquer categoria do funcionalismo público.

“Nós não queremos paralisar, não queremos fazer greve, não queremos prejudicar a sociedade. Ao contrário, a gente quer a recomposição para que nós possamos continuar entregando o melhor, que nós sempre entregamos, para que a sociedade tenha bons serviços públicos”, destacou Marques.

Rudinei lembra que os salários dos servidores públicos federais estão congelados desde 2017, com uma perda real significativa diante da inflação,

“Nós, falando em nome dos servidores públicos federais, constatamos que a última reposição para grande parte do funcionalismo foi no início de 2017. Desde então, a inflação, medida pelo IPCA, já atingiu 27,2%, ou seja, mais de um quarto dos salários já foram corroídos, e nós não temos nenhuma sinalização do governo de que haverá uma recomposição linear geral para o funcionalismo civil. Já houve uma reposição geral para os militares, no início do governo, mas os servidores civis estão aguardando um índice a ser proposto pelo governo Bolsonaro, que se não o fizer será o único nos últimos 20 anos a não conceder nenhuma reposição salarial ao funcionalismo”, denunciou.

Assim como os auditores da Receita, os servidores do Banco Central começaram, nesta segunda-feira (3), a entregar os cargos comissionados. Na Receita Federal, já foram entregues 1.237 cargos comissionados e alguns portos estão em “operação padrão”, que atrasa a liberação de mercadorias.

“Existe um descontentamento muito grande na categoria, porque estamos há três anos sem reajuste. Fizemos muitas entregas como, por exemplo, o pix. Temos presenciado um clima de insatisfação generalizada e sem precedentes, reflexo da atitude omissa das instâncias decisórias do governo. Isso não é de hoje. Quem assiste ao atual agravamento das manifestações pode não saber que o pleito pela recomposição de, ao menos, parte das perdas remuneratórias dos últimos anos já havia sido levado ao Ministério da Economia e, no caso do BC, à diretoria, em diferentes oportunidades ao longo do 2º semestre de 2021”, disse Fábio Faiad, presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), em artigo publicado no Poder 360.

Faiad salienta que “não se questiona a justeza das conquistas dos setores contemplados no texto aprovado do Ploa (Projeto de Lei Orçamentária Anual) 2022. A luta é por tratamento isonômico e pela abertura de uma mesa para negociar com as demais carreiras, que, a exemplo daquelas, também sofrem com a alta defasagem salarial – que em muitos casos persiste por mais de uma década– e, da mesma forma, têm suas demandas funcionais específicas”.

“As ações unificadas dos próximos dias poderão levar a uma imobilização significativa da máquina pública, com repercussões no atendimento ao público em diversas áreas. Todavia, a experiência mostra que este é o único caminho possível diante da intransigência dos interlocutores do Executivo e da política de gestão de pessoal manifestamente equivocada do governo”, conclui o presidente do Sinal.