EUA vai acabar tendo que pedir emprestado à China para enviar à Ucrânia, ironizou o senador

“A assistência descontrolada à Ucrânia pode levar à insolvência financeira dos Estados Unidos”, afirmou o senador Rand Paul em sua coluna para a revista The Federalist.

O político republicano usou do expediente da obstrução para bloquear, na semana passada, a votação no Senado sobre a entrega a Kiev de 40 bilhões de dólares (R$ 202 bilhões) pelo governo norte-americano – além de somas na ordem de 15 bilhões de dólares já remetidas -, exigindo que sejam incluídos controles e uma análise minuciosa da soma exorbitante destinada à Ucrânia.

“Não podemos arruinar o nosso país participando em mais um conflito estrangeiro. Com uma dívida nacional superior a 120% do PIB, inflação desenfreada nunca vista desde os anos de 1980 e interrupções significativas na cadeia de suprimentos, os Estados Unidos devem primeiramente proteger sua própria economia antes de enviar dinheiro a países estrangeiros”, disse Paul.

Os EUA terão que pedir dinheiro emprestado à China para dar à Ucrânia um pacote de ajuda recorde de US$ 40 bilhões, ironizou Paul em uma outra entrevista, desta vez ao site de notícias Breitbart.

“Acho importante saber que não temos dinheiro para enviar, temos que pedir emprestado à China para enviar fundos para a Ucrânia”, assinalou.

O senador frisou que, depois da pandemia da COVID-19, a inflação nos EUA atingiu o máximo dos últimos 40 anos. Assim, os preços da gasolina, em comparação com o ano passado, quase dobraram. Os preços dos recursos energéticos em geral cresceram em 32%, os produtos alimentícios aumentaram em 9%, e um carro de segunda mão é agora três vezes mais caro.

Na opinião de Rand Paul, isso aconteceu devido “aos gastos impensados” do governo, que agora ameaçam tornar insuportável a dívida pública americana.

“Tenho reiterado repetidamente que a maior ameaça à nossa segurança nacional é a nossa dívida nacional. Apenas nos últimos dois anos, os Estados Unidos devem mais dinheiro do que em qualquer momento de sua história”, sublinhou.

Se o projeto de nova entrega de dinheiro à Ucrânia acontecer, esses gastos desde 2014 serão de US$ 60 bilhões (R$ 298 bilhões) notou o parlamentar. “Priorizar o interesse de outras nações sobre o nosso não vai acabar bem […] Nós não só estamos flertando com a ruína financeira, mas também corremos o risco de entrar sem querer em uma guerra com outra grande potência”, resumiu ele.

Em abril, Rand Paul já havia dito em audiência do Comitê de Relações Exteriores do Senado que “o apoio dos EUA à entrada da Ucrânia na OTAN contribuiu para a decisão da Rússia de invadir”.

Mas a resistência de alguns parlamentares não impediu o governo de radicalizar a entrega de recursos e insuflar os setores mais reacionários. O Senado dos EUA aprovou o pacote de cerca de US$ 40 bilhões para enviar ajuda emergencial para a Ucrânia com a maioria bipartidária.

A votação final na quinta-feira (19) terminou em 86 votos a favor, e 11 contra. O documento seguirá para assinatura de Biden.

Todos os democratas aprovaram a legislação. Onze senadores republicanos votaram contra: Marsha Blackburn do Tennessee, John Boozman do Arkansas, Mike Braun de Indiana, Mike Crapo de Idaho, Bill Hagerty do Tennessee, Josh Hawley do Missouri, Mike Lee de Utah, Cynthia Lummis de Wyoming, Roger Marshall do Kansas, Rand Paul do Kentucky e Tommy Tuberville do Alabama.