Senado repele assessor racista de Bolsonaro com voto de censura
O Senado aprovou na quarta-feira (31) um voto de censura ao assessor especial para Assuntos Internacionais da presidência da República, o racista Filipe Martins, que afrontou a Casa ao fazer um gesto utilizado por supremacistas brancos nos Estados Unidos como símbolo de ódio racial durante sessão do plenário na semana passada.
Martins acompanhava o então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em uma sessão convocada para debater as dificuldades enfrentadas pelo Brasil na obtenção de vacinas contra a Covid-19.
Na ocasião, os parlamentares chegaram a cobrar a renúncia do chanceler em razão dos conflitos diplomáticos fomentados pelo titular da pasta com os países fornecedores de insumos necessários para a fabricação dos imunizantes por laboratórios nacionais.
O voto de censura foi solicitado pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES) e subscrito por mais de 30 senadores.
O gesto feito pelo assessor internacional de Bolsonaro, que se assemelha a um “ok”, é classificado desde 2019 pela Liga Antidifamação dos EUAcomo “uma verdadeira expressão da supremacia branca”.
O sinal é identificado como símbolo de “Força Branca”, “White Power”, em inglês, sendo um dos símbolos de ódio utilizados por grupos de extrema-direita e supremacistas brancos norte-americanos. No Brasil, além de ser replicado pelos negacionistas que seguem o atual presidente, faz alusão ao ânus.
Ao justificar o requerimento de censura, Contarato argumentou que o assessor se manifestou com “gestos racistas e preconceituosos” no Senado.
“Conforme vídeos amplamente divulgados, Filipe Martins realizou gestos compatíveis com o movimento supremacista branco durante o discurso do senador Rodrigo Pacheco”, apontou.
“Tal gesto tem sido amplamente replicado por membros de grupos de extrema direita e por simpatizantes do movimento supremacista branco em protestos e redes sociais por todo o mundo”, observou o senador na justificação do requerimento.
Além do voto de censura, Fabiano Contarato pediu uma investigação “pronta e exaustiva”.
No mesmo dia em que ocorreu o episódio, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), determinou que a polícia legislativa apurasse o caso. Se ao final da investigação for constatada alguma infração, o Senado pode enviar a investigação da polícia interna para o Ministério Público Federal.
Felipe Martins continua prestigiado por Bolsonaro, que o manteve no cargo mesmo com as recentes mudanças em seis ministérios do governo. Bolsonaro mandou comunicar que ele não será demitido, afrontando o Senado.
O voto de censura não gera punição, mas serve como uma forma de repreensão pública do Senado contra o assessor.