Senado questiona Queiroga por apagão de dados do Ministério da Saúde
Os senadores que participaram da CPI da Pandemia estão desconfiando que a gestão do ministro Marcelo Queiroga está sabotando o sistema do Ministério da Saúde para atrapalhar o combate à pandemia.
Os sistemas do Ministério, como o ConectSUS, estão fora do ar há mais de um mês.
Em reunião com outros senadores, Omar Aziz (PSD-AM), que presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito, questionou a informação dada pelo Ministério de que foi atacado por um hacker.
“O sistema sai do ar justamente quando começou a se exigir o passaporte de vacinação? Para fazer o TrateCov eles foram bem rápidos e agora não conseguem resolver?”, falou Aziz.
O TrateCov foi um aplicativo criado pelo Ministério da Saúde, na gestão de Eduardo Pazuello, que orientava os médicos a sempre receitarem cloroquina para os pacientes com sintomas de Covid-19, mesmo sem haver nenhum estudo que embase essa decisão.
“Estamos um mês sem dados e ninguém tomou a iniciativa de pedir informações ao ministério sobre o que aconteceu. Vamos ouvir especialistas, há algo estranho nesse enredo”, disse o senador.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) afirmou, em suas redes sociais, que o “apagão” nos dados da Saúde “deixa os cientistas em voo cego” e “prejudica análises epidemiológicas. Um atraso grande no combate à Covid-19 e um prejuízo para o país”.
Para Alessandro Vieira (Cidadania-SE), “o apagão na Saúde traz prejuízos inestimáveis ao combate à Covid-19. Os últimos boletins foram feitos com informações inseridas até o dia 6 de dezembro de 2021, quando ainda não havia a variante Ômicron circulando no país”.
Os senadores que participaram da CPI se reuniram na terça-feira (11) para discutir as medidas que podem tomar para que o caso seja investigado e fazer com que o Ministério atue efetivamente para combater a pandemia.
A proposta de Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi o vice-presidente da Comissão, é montar uma nova CPI com foco no apagão dos dados da Saúde, sabotagem de Jair Bolsonaro à vacinação de crianças e as ameaças contra os servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Não sou tarado por CPI, mas quando alguns não cumprem o seu serviço, o que podemos fazer? A CPI nada mais é do que uma investigação feita pelo Congresso”, falou.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) falou que assinará o requerimento de abertura da CPI que foi apresentado por Randolfe depois que discutir com seu partido.
“Todas as inações do governo na testagem, na vacinação de crianças e no apagão de dados são fatos determinados para uma nova CPI, não me furtarei em assiná-la, mas tenho que conversar com meu partido antes”, afirmou.
Os senadores Humberto Costa (PT-PE), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Renan Calheiros (MDB-AL), que relatou a última CPI, também manifestaram apoio a uma nova investigação. Leila Barros (Cidadania-DF) participou da reunião com os colegas, mas ainda não declarou apoio a uma nova CPI.