Sem auxílio digno, 125 milhões convivem com insegurança alimentar
Sem um auxílio emergencial digno, pesquisas continuam apontando para o crescimento da insegurança alimentar entre os brasileiros. Nesta quarta-feira (14), um estudo apontou o avanço da fome no ano passado, quando ainda era pago o auxílio no valor de R$ 300 e R$ 600 (para mães solo) O novo benefício criado pelo governo Bolsonaro prevê pagamentos em valores irrisórios, entre R$ 150 e R$ 375.
Um relatório do movimento Food for Justice aponta que seis em cada 10 domicílios brasileiros passaram por uma situação de insegurança alimentar entre agosto e dezembro do ano passado. Em números absolutos, 125 milhões de brasileiros estavam expostos a algum grau de insegurança alimentar no período. O levantamento foi realizado foi feito pela Universidade Livre de Berlim em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
De acordo com a pesquisa, 59,4% dos brasileiros estavam em insegurança alimentar no fim de 2020, e 15% enfrentavam insegurança alimentar grave. Essa situação era mais comum em domicílios chefiados por pessoas pretas (66,8%) e por mulheres (73,8%); que têm crianças de até quatro anos (70,6%); e uma renda per capita mensal de até R$ 500 (71,4%).
A insegurança alimentar também é mais frequente nos domicílios situados em áreas rurais (75,2%) e nas regiões Nordeste (73,1%) e Norte (67,7%). A pesquisa ouviu 2 mil pessoas entre novembro e dezembro do ano passado.
Recentemente, outro estudo também mostrou que a insegurança alimentar avançando sobre mais da metade dos lares brasileiros no fim de 2020, também período em que era pago o auxílio de R$ 300.
Um levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança (Rede Penssan) indicou que, no final do ano passado, 116,8 milhões de pessoas conviviam com algum grau de insegurança alimentar no Brasil. Desses, 43,4 milhões não tinham alimentos em quantidade suficiente e 19,1 milhões de pessoas conviviam com insegurança grave, ou seja, fome. Os domicílios com algum grau de insegurança alimentar representavam 55,2% dos lares brasileiros.