As restrições de circulação para contenção da pandemia, o desemprego, a queda na renda das famílias e a ausência de apoio governamental para o setor durante a crise sanitária trouxeram para o comércio varejista um grave impacto. Números estimados pelo economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam que a perda do setor, no acumulado de fevereiro de 2020 até maio deste ano, chega a R$ 873,4 bilhões.

Os números poderiam ser piores, diz o economista, não fosse o comércio virtual e o auxílio emergencial aprovado pelo Congresso Nacional – que por boa parte do ano passado, segurou o sustento e o volume de vendas de supermercados e produtos alimentícios. O que não se verificou em segmentos como equipamentos e materiais para escritório e informática, tecido, vestuário e calçados, que tiveram perdas significativas.

Os números sobre fechamento de lojas físicas ainda não estão atualizados para este ano. Os cálculos da CNC de 2020 computam o encerramento de 75,2 mil lojas no país no período da pandemia. A perda estimada de postos de trabalho é de 25,7 mil.

“Sem o auxílio teríamos tido seguramente mais de 100 mil lojas fechadas”, concluiu Bentes na época da divulgação da pesquisa, em abril deste ano. Apesar da informatização acelerada do comércio por conta da pandemia, o varejo brasileiro “é ainda muito dependente do consumo presencial”, que responde por cerca de 90% das vendas, complementa.

As micro e pequenas empresas responderam por 98,8% dos pontos comerciais fechados. O resultado trágico é consequência direta da inação do governo especialmente nas políticas de crédito para o segmento. Os recursos liberados foram, em grande medida, empoçados pelos bancos e não chegaram na ponta. Todas as unidades da federação registraram saldos negativos. Os estados mais impactados foram São Paulo (20,30 mil lojas), Minas Gerais (9,55 mil) e Rio de Janeiro (6,04 mil).

A vacinação da população, apesar da sabotagem do governo federal, trará algum nível de recuperação nos próximos meses, dizem os economistas. Contudo, a renda arrochada da população, desemprego recorde, inflação nas alturas e endividamento continuarão sendo um impasse.

Por ora, os dados registrados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram apenas crescimentos sobre bases de comparação deprimidas.