Dirigente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), em entrevista à CNN, nesta segunda-feira (3), o vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), secretário estadual de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, foi convidado para falar sobre o cenário de alto risco que as festas de fim de ano e Carnaval trazem para o aumento do contágio. Ele também comentou sobre a decisão dos estados em iniciar a vacinação infantil contra a Covid-19, sobre o avanço da variante Ômicron e da gripe no país. “Festas trazem cenário de alto risco para a pandemia, analisou.

Nésio ressaltou que “sem dúvida alguma a circulação comunitária da variante Ômicron ela já tem alcançado proporções que vão muito além daquelas já tem sido avaliada a partir dos resultados do sequenciamento genético e ela vai assumir uma predominância na transmissão comunitária”.

Esse círculo de festas e férias que ocorrem entre Natal e Ano Novo e todo o mês de janeiro, provocam interações sociais mais constantes que sem dúvida poderão produzir “um cenário de alto risco do manejo da pandemia no país”, principalmente, disse o secretário, pois um terço da população não foram vacinadas no Brasil ou está coberta por apenas uma dose, avaliou o secretário de Saúde.

Para ele, o entendimento da comunidade científica é que o momento é de cautela, porém, disse ele, não dá para criminalizar somente o Carnaval. É preciso que as autoridades repensem estratégias e o cancelamento das festas do Carnaval devem ser reavaliadas.

O vice-presidente do Conass explicou que já se tem um concesso que a nova variante Ômicron é mais contagiosa. E que algumas demonstrações de crescimento do contágio pós festas de fim de ano já estão aparecendo. Ele também chamou atenção para o grande número de contágio da doença em crianças e jovens que ainda não estão com esquema de vacinação completo.

Alerta

“Nós estamos lançando um alerta epidemiológico a todo o país sobre o risco de termos uma quantidade de internações em unidades pediátricas em proporções maiores do que aquelas que tivemos com as variantes selvagens, variantes originárias, inclusive com a Delta”.

“Neste sentido, a urgência da população com um esquema atualizado. Esquema completo é aquele que a pessoa está no tempo de receber a segunda ou a terceira dose”, esclareceu o secretário.

Vacinação infantil

A possibilidade de aplicação do imunizante nas crianças chegou para a comunidade científica e para os pais, com muita felicidade, analisou o secretário. A “chegada da vacina para crianças” gerou alívio para a comunidade científica e para os pais e mães de crianças de 5 a 11 anos.

Na avaliação do vice-presidente do Conass, a decisão do Ministério da Saúde de Bolsonaro de exigir prescrição médica para aplicação do imunizante em crianças não será respeitada. Segundo Nésio, vinte dos 27 estados da federação já decidiram que não vão exigir prescrição médica para a aplicação da vacina. “Existe um consenso na comunidade científica para a aplicação da vacinação infantil”, disse ele.

A decisão do Ministério da Saúde, segundo o secretário de Saúde, “não é razoável e não terá efeito”, frisou, explicando que a competência concorrente entre a União, estados e municípios. “Se a decisão for tomada [pelo governo federal], será uma decisão de força e não será respeitada. Está superado, a ampla maioria não será exigida, considerou Nésio Fernandes.

“Mas de fato nós estamos num momento que é de celebração, pois estamos vencendo todos aqueles que desprestigiaram a ciência, que tentaram fragilizar o SUS, vencendo as teses antivacina. E nós podemos resistir à variante Ômicron e proteger nossas crianças, pois a ciência já comprou que a vacina é segura e eficaz. E já se avalia para estar no calendário vacinal, contou.

Para o secretário, o esquema vacinal deve manter-se como agenda de Estado, inclusive em idades pediátricas.

Gripe

O secretário analisou também a propagação do vírus da gripe no Brasil. Para ele, essa “sobreposição de uma pandemia que não acabou, que ainda tem desafios, com o aumento do Influenza, implica desafios maiores na logística assistencial”, ponderou, explicando que enquanto não se confirma o resultado de qual vírus está no organismo, os pacientes precisam estar em leitos de isolamento e exigem das autoridades de saúde estratégicas de testagens.

Sobre o vírus da gripe, Nésio contou que os estados estão se preparando, abrindo novos leitos, fazendo testes e com as vacinas aplicadas temos risco menor, assegurou. “Todos devem estar preparados para a propagação da gripe até o mês de fevereiro”, afirmou.

Confira a íntegra da entrevista:

 

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(PL)