Mayra Pinheiro, secretária da Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde do Ministério da Saúde.

O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, confirmou ao Ministério Público Federal (MPF) que a “Capitã Cloroquina”, Mayra Pinheiro, pediu e sua pasta financiou a comitiva de médicos, com dinheiro público, que foram para Manaus disseminar o uso da cloroquina em pacientes com Covid-19.

Estudos feitos no mundo todo mostram que a cloroquina não tem efeito no combate à Covid, mas mesmo assim o charlatanismo do governo Bolsonaro fez propaganda da substância.

Segundo Hélio, em depoimento ao MPF do Amazonas, realizado em março, Mayra Pinheiro, que é secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, pediu ajuda para organizar a comitiva de médicos negacionistas, sob argumento de que seria uma “prospecção junto à atenção primária à saúde”.

Cada voluntário custou ao Ministério da Saúde R$ 4.200, entre diárias e passagens. A ideia foi encomendada diretamente por Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde.

“Quando a secretária Mayra voltou [de Manaus], ela voltou trazendo a situação que nós encontramos lá, situação de alerta, de alarme, e aí uma série de ações foram iniciadas de forma simultânea. Até houve uma distribuição de atividades, e aí ela pediu ajuda, ‘olha, ajuda a gente a mobilizar para levar alguns voluntários para que a gente possa fazer uma prospecção lá’”, relatou.

“A gente buscou ajudar a SGTES [Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, chefiada por Mayra] no sentido de correr para organizar essa parte, em esforço cooperativo, e promover a ida de voluntários até lá”, afirmou.

“Voluntários que, do que eu lembro da programação preparada para eles, a programação não foi a gente que preparou, a gente só ajudou na parte logística, nesse esforço cooperativo, ela incluía a busca de informações na atenção primária à saúde, que é o grande gargalo”, informou.

A Secretaria de Gestão do Trabalho enviou, em janeiro, uma carta à Prefeitura de Manaus dizendo que era “inadmissível” que a cidade não tratasse os infectados com cloroquina.