Presidente da República, Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro prossegue em sua cruzada fanática contra a Cultura brasileira. Depois de extinguir o Ministério da área e rebaixá-lo à condição de Secretaria Especial de Cultura, ele decidiu nesta quinta-feira (07) transferir o órgão do Ministério da Cidadania, onde havia sido alocado, para o Ministério do Turismo.
Todas essas medidas vieram acompanhadas de manifestações de autoritarismo e de intolerância, de um obscurantismo carregado de preconceitos e de tentativas absurdas de desenterrar a censura.
O decreto que promove a mudança foi publicado no Diário Oficial da União e é assinado pelo presidente Jair Bolsonaro. Ele teria considerado fazer a mudança da Cultura para Ministério da Educação ( MEC ) e também para a Casa Civil.
Mas, como estes dois órgãos são também dirigidos por nulidades de baixíssima capacidade de pensar, seus titulares se recusaram a tratar o tema da cultura. Preferiram seguir debatendo se a terra é plana ou se os astros giram em torno dela ou do sol.
Sobrou então, “despejar” o órgão que causa tanta ojeriza ao fascismo, no Ministério do Turismo, cujo ministro, além de ser partidário do fanatismo bolsonarista, é investigado no escândalo do laranjal do PSL, partido do presidente.
Marcelo Álvaro Antônio é acusado de desviar recursos públicos através de uso de candidaturas fantasma de mulheres em seu estado, Minas Gerais. O ministro já foi, inclusive, denunciado pelo Ministério Público de Minas por falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa.
O decreto também anunciou a transferência de atribuições como a proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural, e regulação dos direitos autorais, também da pasta da Cidadania para a de Turismo. Apesar da mudança publicada no Diário Oficial da União, ainda é aguardado o nome do novo secretário especial de Cultura.
O último, o economista Ricardo Braga, deixou o posto ontem. O mais cotado é o ex-deputado evangélico Marcos Soares (DEM-RJ). Ele é filho do missionário R.R Soares, líder da Igreja Internacional da Graça.
Outro nome ventilado para ocupar o cargo é o atual diretor de artes cênicas da Funarte, Roberto Alvim. Ele chegou ao governo após relatar nas redes sociais ter sido perseguido após se converter ao cristianismo durante um processo de tratamento de câncer e ter declarado apoio a Bolsonaro.
Nos últimos três meses, a secretaria de Cultura tem passado por sucessivas trocas no comando. Em agosto, o então secretário Henrique Pires foi demitido do cargo após afirmar que preferia sair a “bater palma para censura”.
O decreto não especifica se órgãos vinculados à secretaria como a Ancine, Funarte, Ibram, IPHAN, Biblioteca Nacional, Fundação Palmares e Casa Rui Barbosa, também foram transferidos.
Porém, a medida publicada no DO muda as atribuições desses órgãos, como proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural e desenvolvimento do setor museal, para a pasta do Turismo.