Scholz promete acelerar vacinação contra Covid ao suceder Merkel
Encerrando a chamada era Merkel, o social-democrata Olaf Scholz foi eleito na quarta-feira (8) pelo parlamento alemão (Bundestag) o novo primeiro-ministro do país pela coalizão ‘semáforo’ (vermelho-amarelo-verde), que inclui também os liberal-democratas e os verdes, recebendo 395 votos dos 369 necessários. Houve 6 abstenções e 303 votos contrários.
Já formalizado pelo presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, Scholz participou da cerimônia de transmissão de cargo com a ex-primeira-ministra Angela Merkel, de quem era ministro das finanças.
Considerado tão carismático quanto um “mordomo britânico” e até certa vez nomeado pela revista Der Spiegel como a “encarnação do tédio na política”, Scholz emplacou entre os eleitores a imagem de “nova Merkel”. Até chegou a posar para uma publicação imitando o ‘Merkel-Raute’, o gesto com as mãos em formato de losango que é a marca registrada da agora ex-primeira-ministra.
Como ministro de Merkel, durante a pandemia ele foi o responsável por desembolsar bilhões de euros em fundos de emergência para socorrer a economia e as pessoas atingidas.
Seguindo uma promessa de campanha de Scholz, as 16 pastas do ministério estão divididas meio a meio entre mulheres e homens. É o maior percentual de participação de mulheres no comando de ministérios da história do país.
O vice-primeiro-ministro será o copresidente do Partido Verde Robert Habeck, que assumirá também um superministério da Economia e Clima. Já o Partido Liberal Democrático ficará com o ministério das Finanças, que será chefiado pelo presidente da sigla, Christian Lindner.
A pasta do Interior será liderada pela social-democrata Nancy Faeser. O ministério das Relações Exteriores será da copresidente dos verdes, Annalena Baerbock.
Como registrou a Deutsche Welle, o novo governo alemão assume em um momento extremamente delicado, com a quarta onda da pandemia pressionando o sistema de saúde de diversos estados do país e com seguidos recordes de novas infecções.
O SPD nomeou o deputado e epidemiologista Karl Lauterbach como ministro da Saúde. Lauterbach se tornou uma figura conhecida durante a pandemia, defendendo a vacinação e os lockdowns em diversas entrevistas. Ele também já defendeu tornar a vacina obrigatória e restringir ainda mais a locomoção dos não vacinados.
A pandemia “vai exigir toda a nossa força e energia”, afirmou Scholz na terça-feira. No momento, apenas 69,1% da população está totalmente vacinada.
O relacionamento franco-alemão, considerado o motor da unidade europeia, também deve continuar a ser uma prioridade para o novo governo. A primeira visita oficial de Scholz a Paris deve ocorrer ainda nesta semana.
A Alemanha também é um dos garantidores e signatários dos Protocolos de Minsk para uma solução pacífica dos conflitos no sudeste ucraniano e o novo governo assume em um momento de enorme tensão da região, e com recriminações entre a Rússia e a Otan.
Também a certificação do gasoduto Nord Stream 2, quando se aproxima um inverno que pode ser rigoroso e com o preço do gás em alta no mercado spot, é outra preocupação para Scholz e sua equipe.
A nova coalizão de governo expôs seus planos de governo em um documento de 177 páginas, no fim de novembro.
A coalizão ‘semáforo’ se comprometeu em aumentar o salário-mínimo para 12 euros por hora – hoje é de 9,60 euros (mais 25%); baixar a idade mínima para votar de 18 para 16 anos; criar um sistema de imigração baseado em pontos para atrair trabalhadores qualificados e facilitar a obtenção da cidadania alemã. Também será criado um Ministério da Habitação, com planos de construir 400 mil novos apartamentos por ano.
Haverá enorme esforço em conduzir o país na transição energética e ambiental traçada desde o Acordo do Clima de Paris. Até 2030 as energias renováveis deverão cobrir 80% do consumo de energia no país e um terço dos automóveis serão elétricos. A atual meta de abandono do uso de carvão será antecipada de 2038 para 2030.