O resultado da movimentação da caderneta de poupança em todo o Brasil, durante o mês de março, entre depósitos e saques efetuados, ficou negativo, com um saldo de retiradas em R$ 3,524 bilhões. Foi o terceiro mês consecutivo em que os saldos ficaram no vermelho. Com o resultado de março, a caderneta de poupança acumula retirada líquida de R$ 27,54 bilhões nos três primeiros meses do ano. É a maior retirada acumulada para o primeiro trimestre desde o início da série histórica, em 1995.

Para um mês de março, foi a maior retirada desde 2017, quando foram sacados R$ 5 bilhões a mais do que tinham sido depositado, ao contrário de março do ano passado, início da pandemia, quando os brasileiros depositaram R$ 12,57 bilhões a mais do que foi retirado.

Na comparação interanual, em março de 2020 o saldo foi positivo em R$ 12,168 bilhões, na comparação com o resultado deste mês março, houve um incremento negativo desse saldo 129%.

É um resultado, infelizmente, coerente com a alta taxa de desemprego persistente e a ameaça de seu agravamento, dos quase quatro meses da falta de qualquer amparo às dezenas de milhões dos trabalhadores na informalidade, com o novo auxílio emergencial miserável, que nem uma cesta básica oferece, o descontrole de preços, especialmente de alimentos, mas também dos combustíveis, ambos com impactos danosos na inflação, em trajetória de ascensão.

Vale ainda registrar que no acumulado de janeiro a março deste ano as retiradas superaram os depósitos em R$ 27,542 bilhões. No trimestre anterior (out/nov/dez-20), ao contrário, o resultado foi positivo de R$ 23,665 bilhões. O primeiro trimestre de 2020 foi negativo em R$ 3,759 bilhões, de todo modo, muitíssimo inferior ao do primeiro trimestre deste ano.

Os dados estão de acordo com relatório divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (12). O acompanhamento do comportamento da movimentação da poupança permite duas observações básicas.

A primeira, como as famílias estão se comportando. Conseguindo fazer reservas para eventualidades e para compras futuras, a segunda na determinação do quanto os recursos da poupança poderão ser colocados à disposição para o financiamento do sistema financeiro da habitação (SFH).

No primeiro trimestre, temos regularmente as despesas por conta de impostos próprios desse período, retornos às aulas, neste ano com comportamento atípico. No entanto, as sucessivas e expressivas quedas do primeiro trimestre deste ano são indicativos de que as famílias não estão conseguindo poupar e as que têm alguma poupança estão consumindo-a para fazer frente às despesas cotidianas.