“Por que vacinar os brasileiros em março se os brasileiros podem começar a serem vacinados em janeiro?”, indagou

O governo de São Paulo anunciou em coletiva nesta segunda-feira (7) que a vacinação contra a Covid-19 com a vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, terá início no dia 25 de janeiro de 2021, priorizando idosos, profissionais de saúde, indígenas e quilombolas. O plano de imunização vale para todo o estado de São Paulo.

“A fase 1 começa no aniversário da cidade de São Paulo. Será destinada a pessoas com mais de 60 anos, além de indígenas e quilombolas. Serão imunizados também todos os profissionais de saúde que estão na linha de frente contra a Covid. A vacina será gratuita para todos no Sistema Único de Saúde de São Paulo”, afirmou o governador de São Paulo João Doria (PSDB).

O governador criticou novamente o governo Bolsonaro por propor iniciar a vacinação em massa no Brasil pelo Plano Nacional de Imunização (PNI) apenas em março e ignorando a CoronaVac.

“Por que vacinar os brasileiros em março se os brasileiros podem começar a serem vacinados em janeiro? Se podemos começar a salvar vidas já, por que vamos esperar que diariamente quase 700 brasileiros percam a vida para atender um capricho de alguém que sentado no Palácio do Planalto acha que tem que ser uma única vacina no país?”, questionou Doria.

“Isso não é justo, isso não é humano. Isso não representa a compaixão mínima que uma pessoa deve ter pela vida e pela existência. Eu tenho certeza que muitos dos jornalistas, cinegrafistas e pessoas que estão trabalhando aqui já perderam um amigo ou um parente para a Covid. Eu perdi. Eu sei o que é perder um amigo que se foi em menos de três dias com a Covid e vamos esperar que milhares de outros percam a vida porque alguém quer uma única vacina e que essa vacina tenha que ser priorizada em detrimento de outras”, afirmou o governador de São Paulo.

“A vida é uma só, a existência é única. Triste o Brasil que tem um presidente que não tem compaixão pelos brasileiros, que abandonou o Brasil e os brasileiros”, ressaltou Doria.

O governador ainda apontou que se ficar para março, a vacinação contra a Covid coincidiria com a Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe;

A escolha do público-alvo para essa fase 1 levou em consideração a incidência de óbitos de coronavírus no estado de São Paulo.

Segundo Doria, pessoas de fora de São Paulo também poderão receber a vacina. “Qualquer brasileiro que estiver em solo e desejar poderá receber a vacina, ele não precisará comprovar residência em São Paulo”, afirmou em coletiva.

“O que mais desejamos aqui é que o governo federal entenda que estamos em luta pela vida. Não é luta política, não é luta eleitoral, nós estamos lutando pela vida das pessoas, pela existência, pela oportunidade da volta ao normal. A volta ao normal no nosso país só ocorrerá com a vacina. E volto a repetir: Por que vacinar em março se podemos iniciar a vacinação em Janeiro para salvar mais brasileiros?”, afirmou Doria.

Segundo o governador, “em São Paulo nós não seremos dependentes. Se necessário nós seremos independentes para atender a necessidade da população e salvar vidas”.

Após afirmar que a vacina será dada para todo brasileiro que estiver em São Paulo, Doria foi questionado se isso não criaria um ‘turismo de vacina’ e como faria para garantir as doses.

“São Paulo é do Brasil, nós não vamos segregar nenhum brasileiros que estão aqui e não oferecer para quem precisa. Vamos vacinar e se precisar compraremos mais vacinas. São Paulo tem uma visão de respeito à vida e respeito a ciência. Nós aqui não estamos fazendo negacionismo, como nunca fizemos e nem protelando aquilo que pode ser feito de imediato. Vamos salvar os brasileiros”, respondeu Doria.

ANTECIPAÇÃO

Para o governador o importante é que Bolsonaro inclua a CoronaVac no Plano Nacional e que “o PNI seja antecipado, como pode ser e que inclua todas as vacinas e não apenas a vacina de preferência do Presidente da República, do Palácio do Planalto. Todas as vacinas significam todas. Nós temos 4 vacinas em processo final de aprovação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aqui no Brasil, entre elas, a que está mais avançada é a CoronaVac”, ressaltou Doria.

Até o momento o governo federal não incluiu a CoronaVac no Plano Nacional de Imunizações, nem firmou acordo de compra de doses da vacina com o Instituto Butantan. E desde outubro, Bolsonaro promove um verdadeiro boicote a vacina desenvolvida em São Paulo. Até comemorou quando a Anvisa chegou a paralisar os testes com a vacina de forma arbitrária, além de ter desautorizado o ministro Eduardo Pazuello que chegou a oficializar uma parceria para aquisição do imunizante paulista.

Durante a coletiva, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, o estado tem a quantidade necessária de insumos para garantir que o programa ocorra no prazo previsto.

“Nós iniciaremos a campanha vacinal agora no 25 de janeiro e temos, sim, esses insumos, agulhas e seringas para vacinar esse público. Dessa maneira, não será necessário fazer aquisições, aguardo de licitações, porque nós já disponibilizamos em nosso estoque desses materiais”, afirmou o secretário.

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas também defendeu a inclusão da CoronaVac no PNI. “Por várias vezes, temos repetidos que São Paulo caminha muito rapidamente para ter a 1ª vacina disponível no Brasil. O objetivo principal é que essa vacina seja incorporada ao programa nacional. Esse plano estadual apenas adianta o plano nacional, trazendo o início da vacinação para janeiro. Os brasileiros precisam dessa vacina”, disse Dimas Covas.

“Estamos nos preparando para caso não ocorra a provisão e a incorporação da vacina pelo Ministério da Saúde, mas esperamos que isso aconteça”, afirmou Dimas Covas.

O governo de São Paulo também anunciou que 4 milhões de doses da CoronaVac serão disponibilizadas para outros estados imunizarem seus profissionais de saúde

Ao todo, o acordo com o laboratório chinês garante 46 milhões de doses prontas e a transferência de tecnologia para o Instituto Butantan, que prevê a produção de 100 milhões de doses por ano.

Os dados do imunizante desenvolvido por laboratório chinês em parceria com o Butantan deverão ser submetidos à aprovação da Anvisa ainda esta semana.

Veja abaixo o cronograma completo:

  • Trabalhadores da saúde, indígenas e quilombolas: 25 de janeiro – primeira dose / 15 de fevereiro – segunda dose
  • Idosos acima dos 75 anos: 8 de fevereiro – primeira dose / 1º de março – segunda dose
  • Idosos de 70 a 74 anos: 15 de fevereiro – primeira dose / 8 de março – segunda dose
  • Idosos de 65 anos a 69 anos: 22 de fevereiro – primeira dose / 15 de março – segunda dose
  • Idosos de 60 a 64 anos: 1º março – primeira dose/ 22 de março – segunda dose
  • A vacina, segundo informou o governo de São Paulo, será oferecida de forma gratuita em 10 mil pontos de vacinação, como postos de saúde, farmácias, escolas, quartéis da PM, estações de trem, terminais de ônibus, farmácias e sistema drive-thru.