O governo de São Paulo anunciou nesta sexta-feira (17) que o estado irá negociar diretamente com a farmacêutica Pfizer para adquirir a vacina contra Covid-19 destinada a crianças diante da nova ameaça de sabotagem à imunização realizada pelo governo federal.

“Ontem orientei o nosso secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, e a Regiane de Paula, que é a coordenadora do Programa Estadual de Imunização (PEI) a procurarem a Pfizer e negociarem a aquisição da vacina da Pfizer para aplicação em crianças na faixa etária de 5 a 11 anos, independentemente do Ministério da Saúde e do Programa Nacional de Imunização”, disse em coletiva de imprensa o governador de São Paulo, João Doria, na manhã de sexta (17).

“A orientação foi imediatamente dentro dos preceitos legais fazer inclusive a aquisição da vacina, independentemente do Programa Nacional de Imunização (PNI). Nós temos recursos em caixa e a orientação foi para que possamos vacinar. Isso representa 8 milhões de crianças nessa faixa etária aqui no estado de São Paulo”, completou.

A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo encaminhou na última quinta-feira (16) um ofício à empresa comunicando o interesse.

Também na quinta, um ofício de São Paulo foi enviado ao Ministério da Saúde solicitando urgência na liberação de doses da Pfizer próprias para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos.

A imunização contra a Covid-19 para essa faixa de idade com a vacina da Pfizer foi aprovada nesta quinta-feira (16) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O ministro de Bolsonaro para a Saúde, Marcelo Queiroga, minimizou a necessidade da vacinação das crianças e chegou a dizer que “não é consensual a vacinação contra Covid-19 em crianças”.

Mesmo com aval da Anvisa, cabe ao governo federal fazer a compra das vacinas pediátricas contra Covid e decidir sobre sua inclusão no PNI. Segundo Queiroga, essa questão será analisada pela área técnica e o ministro é a última instância do ministério.

“Nós queremos discutir esse assunto de maneira aprofundada, porque isso não é um assunto consensual. Há aqueles que defendem, há os que defendem de maneira entusiástica, há os que são contra, então a gente tem que discutir”, acrescentou, em entrevista na porta do ministério.

O sinal dado por Queiroga é de que uma eventual aquisição, se ocorrer, ficará para o próximo ano. Na noite da última quinta (16), Jair Bolsonaro afirmou que havia pedido os nomes dos integrantes da Anvisa que aprovaram a indicação da vacina contra a Covid-19 da Pfizer para crianças para que sejam divulgados.

“Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos”, disse Bolsonaro na transmissão de sua live ao vivo nas redes sociais.

Após a aprovação da vacina pediátrica da Pfizer, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, criticou o que chama de “violência antivacina” crescente e os ataques que o órgão vem sofrendo.

Torres destacou que a pandemia não acabou, mas trabalha para evitar que no país ocorra cenas de superlotação de hospitais como vem ocorrendo na Europa em razão da variante Ômicron.

O governo paulista ainda aguarda a aprovação do uso da CoronaVac em crianças e adolescentes. Na quarta-feira (15), o Instituto Butantan enviou um novo pedido de autorização à Anvisa para a utilização do imunizante, que já teve sua eficácia comprovada neste público e é aplicado em diversos países, dentre eles, o Chile e a China.

Segundo o governo paulista, 12 milhões de doses da vacina que aguardava destinação no Instituto estão reservadas para a utilização nas crianças. O objetivo é conseguir iniciar a imunização desse público assim que a liberação foi concedida pela Agência.