“Aqui está uma lista, que ficará disponível em meu portal, mostrando como vamos pagar por todos os programas que pretendo desenvolver”, esclareceu o senador Bernie Sanders ao participar de programa da TV CNN, pouco antes do debate entre os pré-candidatos, antes da primária de Carolina do Sul, nesta terça-feira.
As declarações vêm em resposta a outros candidatos a representar os democratas nas eleições presidenciais de novembro, como é o caso do ex-prefeito Pete Buttigieg, que vem apresentando propostas que podem ser consideradas tímidas para enfrentar a grave crise social norte-americana (com salários congelados, 500 mil nas ruas e a maior população carcerária do mundo, com tem denunciado o senador Sanders).
“Muitos de meus oponentes gostam de dizer que eu não sei como financiar a minha agenda de apoio aos trabalhadores deste país. Eles estão redondamente enganados”, declarou o senador.
Com relação ao plano Medicare for All (Saúde para Todos), a mais questionada das propostas de Sanders, ele apontou para um recente estudo da Universidade de Yale. O estudo esclarece que a saída do sistema atual já vai economizar em gastos públicos. Além disso, enumera várias fontes de financiamento inclusive a economia com o barateamento dos remédios hoje superfaturados pelas corporações do setor farmacêutico norte-americano. Segundo a equipe de Sanders, “há um menu de opções que pagam o Medicare for All com sobras”.
O plano de Sanders inclui taxar rendas acima de 10 milhões de dólares por ano em 52%; restaurar os impostos sobre as corporações em 35% sobre ganhos de capital e impostos sobre os empregadores em 4% dos salários dos trabalhadores. Com isso uma família de quatro pessoas que tenha renda de até 29 mil dólares ao ano ficará isenta de impostos.
Sanders apresentou uma ousada estimativa dos gastos governamentais para construir universidades públicas gratuitas e cancelar as dívidas estudantis atuais: US$ 2,2 trilhões em 10 anos: “Uma modesta taxação sobre a especulação em Wall Street vai levantar estimados US$ 2,4 trilhões em dez anos”.
“Não é possível que na nação mais rica do planeta, os estudantes tenham que se endividar em US$ 250 mil para custear sua educação”, afirmou Sanders.
Sanders também apresentou um plano para mudar a matriz energética de forma a combater os efeitos da atual em termos de poluição ambiental.
É o que ele está chamando de Green New Deal (numa referência ao New Deal com o qual Roosevelt reergueu a economia norte-americana).
O investimento previsto e capaz de gerar 20 milhões de empregos é de US$ 16.3 trilhões em 10 anos.
Neste caso a verba para custear este programa viria de um corte de US$ 1,25 trilhão ao ano no orçamento militar durante a próxima década. Além disso as companhias petroleiras terão que pagar por sua poluição “com impostos e multas” e, ainda, a venda da energia gerada pelos projetos de “energia verde” traria mais US$ 6,4 trilhões a serem revertidos para o próprio programa.
“Vocês sabem”, disse o senador voltando-se para os que assistiam ao programa, “gostam de dizer que as ideias de Bernie são radicais, são extremas. Deixe-me dizer que nada disso é verdade”.
“Elevar o salário mínimo é uma ideia radical?”, ao que o auditório respondeu em coro: “Não!”
Ele acaba de receber apoio do economista Robert Reich, que já trabalhou nos governos de Gerald Ford, Jimmy Carter e Bill Clinton.
Em matéria publicada pelo jornal inglês The Guardian, Reich afirma que “é verdade que os programas de Sanders têm um alto custo, mas o custo de não fazer nada, por exemplo diante do sistema de Saúde cada vez mais disfuncional dos Estados Unidos, é imensamente maior, eu diria que estratosférico”.