Com inflação nas alturas, o carrinho de supermercado já não precisa ser tão grande.

Valor vai se distanciando do ideal, desde que Bolsonaro acabou com a política de valorização do salário mínimo implantada pelo governo Lula.

Com base na cesta básica mais cara, que, em janeiro, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família, o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) estima que o valor do salário mínimo deveria ser cinco vezes maior que os atuais R$ 1.212,00. Com isso, o cálculo é de R$ 5.997,14 ou 4,95 vezes o valor de janeiro de 2022.

Este valor vem se distanciando do ideal conforme o arrocho se aprofunda, desde que o governo de Jair Bolsonaro (PL) acabou com a política de valorização do salário mínimo, criada no governo Lula e mantida por Dilma Rousseff, desde 2003. O salário mínimo anunciado para 2022 não repõe sequer a inflação do ano passado, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Em dezembro de 2021, quando o piso nacional equivalia a R$ 1.100,00, o mínimo necessário calculado pelo DIEESE para pagar despesas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, ficou em R$ 5.800,98 ou 5,27 vezes o piso em vigor e, em janeiro, em R$ 5.495,52, ou 5,00 vezes o valor vigente.

São Paulo foi a capital onde a cesta apresentou o maior custo (R$ 713,86), seguida por Florianópolis (R$ 695,59), Rio de Janeiro (R$ 692,83), Vitória (R$ 677,54) e Porto Alegre (R$ 673,00). Entre as cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente das demais capitais, os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 507,82), João Pessoa (R$ 538,65) e Salvador (R$ 540,01).

A comparação do valor da cesta em 12 meses, ou seja, entre os preços de janeiro de 2022 e os de janeiro de 2021, mostrou que as maiores altas acumuladas ocorreram em Natal (21,25%), Recife (14,52%), João Pessoa (14,15%) e Campo Grande (14,08%). As menores variações acumuladas foram registradas em Florianópolis (6,79%) e Belo Horizonte (6,85%).

14 dias para comprar o feijão

Em janeiro de 2022, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 112 horas e 20 minutos. Em dezembro de 2021, a jornada necessária foi calculada em 119 horas e 53 minutos e, em janeiro do mesmo ano, a média foi de 111 horas e 46 minutos. Isso, sem considerar o desconto de 7,5% da previdência no salário mínimo.

Os alimentos aumentarem em 16 capitais. Açúcar, batata, café, óleo de soja e tomate foram alguns dos produtos que subiram de preço em janeiro. Em janeiro, em nove cidades, a alta acumulada da cesta básica em 12 meses supera os 10% (em um caso, os 20%) e chega a comprometer mais de 60% do salário mínimo líquido.

(por Cezar Xavier)