Rússia quer prorrogar o Tratado Start III de controle de armas atômica
O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, afirmou na segunda-feira (18) que Moscou está pronta para a “rápida e incondicional prorrogação” do único tratado que resta com os EUA de controle do arsenal nuclear estratégico, o Start III, negociado quando o novo mandatário em Washington, Joe Biden, era o vice de Obama. O tratado expira em pouco mais de duas semanas.
“A prioridade mais importante é a situação absolutamente anormal na esfera do controle de armas”, disse Lavrov. “Ouvimos falar da intenção do governo Biden de retomar o diálogo sobre esta questão e tentar chegar a um acordo sobre a prorrogação do Tratado START antes que ele expire em 5 de fevereiro. Estamos esperando por propostas específicas, nossa posição é bem conhecida”.
Meses de negociações entre a Rússia e o governo Trump sobre a prorrogação, prevista no tratado, empacaram. Moscou se manifestou pela prorrogação de cinco anos, já prevista pelo tratado, mas aceitou se a extensão for por um período menor, sem pré-condições.
No seu governo, Trump retirou os EUA do Tratado INF – que proibia mísseis de alcance intermediário (entre 500 e 5000 km, e trazia tranquilidade ao teatro europeu – e, posteriormente, do Tratado de Céus Abertos, de voos mútuos de monitoramento, na prática levando a Europa à situação crítica de 30 anos atrás, com as capitais dos principais países a minutos do impacto de um míssil nuclear.
Biden já se manifestou a favor da preservação do tratado START III. O novo START foi assinado em 2010 pelo presidente norte-americano Barack Obama e pelo presidente russo Dmitry Medvedev. Ele limita cada país a não mais de 1.550 ogivas nucleares e 700 mísseis e bombardeiros posicionados, e prevê inspeções de varredura no local para verificar o cumprimento.
Entidades em defesa da paz têm alertado para o risco da expiração do tratado, último esteio da arquitetura de prevenção da hecatombe nuclear, construída durante a Guerra Fria, que resta. Os defensores do controle de armas apelaram fortemente para sua preservação, alertando que sua expiração eliminaria qualquer verificação das forças nucleares dos EUA e da Rússia, dando um golpe na estabilidade global.