Após a rendição, prisioneiros são transportados em ônibus para prisão na República Popular do Donetsk

Já chega próximo a dois mil o número de soldados ucranianos e membros do grupo nazista Batalhão Azov que se entregaram às forças russas e populares do Donetsk. Estavam no interior de túneis subterrâneos da siderúrgica Azovstal, último bastião do Azov em Mariupol.

Segundo a Rússia e a República Popular de Donetsk, 965 depuseram suas armas desde segunda-feira (16 e 17), quando começou a rendição, dos quais 80 soldados estavam feridos e, destes, foram atendidos 51 que precisaram de hospitalização. As informações desta quarta-feira (18) são de que mais 785 capitularam, chegando a 1.750 feitos prisioneiros.

Os soldados ucranianos estão sendo revistados e transferidos de ônibus para uma prisão em Donetsk, região controlada pelos russos.

O jornalista Aleksander Sladkov acompanhou de perto a rendição dos ucranianos da Azovstal. Segundo ele, a maioria militares que estavam escondidos dentro da fábrica já saíram. O repórter contou que serão retirados de dentro da fábrica os 200 cadáveres de soldados ucranianos foram mantidos pelo Batalhão Azov dentro do refrigerador.

Outro jornalista que está cobrindo de perto a guerra na região do Donbass, Patrick Lancaster, disse que “os soldados russos e de Donetsk estão esperando” próximos à Azovstal “pelo resto dos soldados ucranianos e do [Batalhão] Azov saírem e se renderem”.

“Nós não ouvimos um único tiro, a batalha acabou. Tudo está calmo aqui”.

Há nazistas entre os detidos

Grande parte dos militares que se esconderam nos túneis e abrigos da metalúrgica Azovstal é membro do Batalhão Azov, agrupamento nazista que desde 2014 Foi incorporado pelas Forças Armadas da Ucrânia do qual muitos integrantes cometeram crimes contra a população do Donbass.

O líder da República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, afirmou que o destino dos assumidamente nazistas e dos criminosos de guerra “será decidido no tribunal”. Definição dos procedimentos legais e jurídicos para tratar os criminosos estão sendo definidos pelo Supremo Tribunal de Justiça da Rússia.

Fundado em 2014, ano em que participou do golpe que derrubou um presidente legitimamente eleito, o Batalhão Azov há oito anos vem cometendo perseguições, torturas e assassinatos contra civis e lideranças políticas do Donbass que se recusam a aceitar a nazificação do país.

Uma moradora de Mariupol, Tatiana Ganzha, contou ao jornal russo Ria Novosti sobre quando foi sequestrada e torturada pelos nazistas que são agora tratados como heróis pelo regime de Volodymyr Zelensky, ex-comediante e atual presidente da Ucrânia.

No dia 30 de outubro de 2014, Tatiana foi detida por cinco homens com roupas militares e distintivo do Batalhão Azov, colocada dentro de um carro e levada para uma sala de tortura dentro do Aeroporto de Mariupol. Já no carro, ela começou a sofrer agressões.

“Tiraram-me do carro, deram-me pontapés, dispararam uma rajada [de balas] acima da minha cabeça… Levaram-me ao aeroporto de Mariupol, onde me torturaram até 8 de novembro”, contou Tatiana.

Os registros sobre a prisão ilegal de Tatiana mostram que os nazistas a penduraram pelas pernas, bateram na cabeça, no tronco, nos membros” e, quando ela desmaiava, traziam de volta à consciência com água no rosto.

Tatiana foi sequestrada e torturada por ser do Partido Comunista da Ucrânia, organização que foi banida do país depois do golpe de 2014.

Em novembro de 2014, mês seguinte ao sequestro, o Batalhão Azov foi incorporado à Guarda Nacional ucraniana e passou a receber financiamento direto e oficial do governo do país.

O caso de Tatiana Ganzha se junta ao de centenas de civis que moram nas regiões de Donetsk e Lugansk e viveram o inferno que lhes foi imposto pelas autoridades ucranianas por 8 anos.