Nebenzia, embaixador russo na ONU, apresentou provas da mentira sobre "massacre em Bucha"

O representante da Rússia na ONU, Vasili Nebenzia, refutou na terça-feira (5) as acusações assacadas por Kiev e governos ocidentais contra tropas russas por supostas violações de direitos humanos em Bucha na Ucrânia e atribuiu o massacre de civis a forças extremistas ucranianas.

“Hoje ouvimos, mais uma vez, muitas mentiras sobre soldados e militares russos”, disse o diplomata em sessão extraordinária do Conselho de Segurança da ONU sobre os acontecimentos na cidade ucraniana de Bucha, nas imediações de Kiev.

“Temos centenas, senão milhares, de depoimentos em vídeo de pessoas que estão prontas para dar seu testemunho sobre a crueldade dos ultranacionalistas ucranianos”, disse Nebenzia.

“Há muitas histórias comoventes”, disse o representante russo, afirmando que as tropas ucranianas estão mantendo civis e estrangeiros como “reféns”.

O diplomata citou alguns dos depoimentos. O batalhão nacionalista Azov manteve mulheres com crianças em porões sob pena de morte e roubou civis em postos de controle. Uma avó e suas netas contaram como o batalhão Azov não permitia que saíssem do porão e atirava para matar quem se aproximasse.

No posto de controle de Azov, mulheres e meninas foram despidas e ouro e dinheiro foram tirados delas, descreveu Nebenzia. “Valentina Nikolaevna Borisenko relata como o exército ucraniano expulsou uma mulher com dois filhos de uma casa em Kramatorsk e disparou morteiros de lá”.

Inconsistências gritantes

Apontando “inconsistências gritantes” na versão ucraniana dos eventos, Nebenzia afirmou que “os corpos não estavam lá logo após a retirada das forças russas” no dia 30 de março. Só quatro dias depois surgiram os vídeos sobre os cadáveres nas ruas. No dia 31, o prefeito de Bucha anunciou que a cidade estava livre de “forças russas” e não se referiu a qualquer corpo largado nas ruas.

O representante russo apontou que a inexistência de cadáveres imediatamente após a partida das tropas russas é evidenciado “por vários vídeos”.

Ao mesmo tempo, há registros “de que radicais ucranianos estavam chamando a atirar contra quem tivesse braçadeiras brancas, ou seja, contra civis”, sublinhou.

Nebenzya observou ainda que “os cadáveres no vídeo não se assemelham a corpos que ficaram na rua por 3-4 dias”.

Em resposta à aparição, por videoconferência, na reunião do CS, do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o representante russo disse que “deixamos acusações infundadas e abrangentes contra militares russos em sua consciência, que não são confirmadas por nenhuma testemunha ocular”.

Em 4 de abril, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, assinalou que o objetivo da provocação encenada em Bucha é interromper as negociações de paz e intensificar o conflito.

Na semana passada, pela primeira vez, o regime de Kiev havia colocado no papel, por escrito, nas negociações com a Rússia na Turquia, que passaria a aceitar o status de país neutro, não nuclear e sem bases estrangeiras em seu território.

Enquanto a Casa Branca tinha um surto de histeria sobre Bucha, o Pentágono registrou em nota a impossibilidade de confirmar “de forma independente” as acusações e vídeos sobre os eventos na cidade nas imediações de Kiev.

Como observou um blogueiro, se o Pentágono, que tem uma rede de satélites, que tem a Agência Militar de Inteligência (DIA) e tem a NSA, não pode confirmar, então como Biden e outros sabujos do tipo Boris Johnson e Ursula von der Leyen podem, sem qualquer investigação, uma autópsia que seja, ou algum depoimento, lançar toda essa lama contra os russos?

A cínica proposição do presidente Joe ‘bombardeiem Belgrado’ Biden de criar um “tribunal para a Ucrânia” foi prontamente respondida por Zakharova, que sugeriu começar “pela Iugoslávia e pelo Iraque”.

O também embaixador russo junto à ONU, Dmitry Poliansky, que por três dias brigou pela convocação em caráter de urgência do CS da ONU, acintosamente negada pelo Reino Unido, agora na presidência rotativa, comparou o episódio de Bucha às “melhores tradições do ‘cinema dos Capacetes Brancos’”- em referência às notórias provocações contra a Síria em anos recentes montadas por encenadores financiados por Londres.

“Os neonazistas ucranianos de hoje são completamente fiéis à velha escola nazista de provocações de Goebbels e estão tentando transferir a culpa para a Rússia”, assinalou.

Flagrante provocação

“[Este é] mais um exemplo de fornecimento de material encenado do regime de Kiev para o consumo da mídia ocidental, como foi o caso da maternidade Mariupol, sem falar em outras cidades”, disse o porta-voz da Defesa russa, general Igor Konoshenko, ao rechaçar as acusações do regime de Kiev e denunciar a “flagrante provocação”.

“É particularmente preocupante que todos os corpos das pessoas cujas imagens foram publicadas pelo regime de Kiev, após pelo menos quatro dias, não apresentem rigor mortis, não tenham as manchas características dos cadáveres, enquanto nas feridas há sangue não coagulado”, denunciou.

Para analistas, o estado dos corpos indica que se trata de execuções a posteriori à retirada russa, na típica “caça aos colaboradores russos” que tem sido vista de parte de batalhões irregulares ucranianos, as auto denominadas ‘defesas territoriais’, em vários episódios do atual conflito; vários dos corpos apresentam braçadeira branca, o que, aos olhos dos nazistas, poderia ser um sinal de suposta cooperação com os russos.

Há ainda o fato de que, após a saída das tropas russas da cidade, o local continuou por dois dias sob ataque de artilharia das forças regulares ucranianas.

Mais: entre os dias 1 e 2 de abril, o extremista Sergei Korotkih postou imagens suas de Bucha, sem mencionar cadáveres nas ruas. Nos vídeos dele só se vê ruas vazias com equipamento militar destruído. Bucha é uma cidade pequena, de 30 mil habitantes.

As peças não se encaixam em Bucha, afirmou ao site Sputnik a professora Isabela Gama, pesquisadora pós-doutoranda da Escola de Comando Estado-Maior do Exército (ECEME).

“Por que os militares russos deixariam corpos de vítimas de tortura à mostra de todos em um cenário que não está nem um pouco favorável à Rússia?”, questionou. “E não faz sentido isso vir a público hoje, e ninguém ter visto antes [os corpos nas ruas]”, acrescentou.

Nazis ucranianos

Apesar da censura exercida pelos gigantes da internet e pela mídia tradicional sob controle norte-americano, até aqui a Rússia conseguiu desmontar cada provocação orquestrada desde Washington e endossada pelo regime de Kiev.

Quando o vídeo de tortura de prisioneiros de guerra russos por nazis ucranianos surgiu nas redes sociais, o regime de Kiev asseverou que era “falso”: em poucos dias até mesmo as ‘autoridades’ ocidentais se viram forçadas a admitir que era genuíno.

Recente depoimento, em Mariupol, da grávida mostrada no suposto ‘ataque ao hospital-maternidade’, confirmou o que a Rússia denunciara desde o primeiro dia: era uma provocação, a maternidade havia sido transformada em quartel, não houve ataque aéreo e até a comida das grávidas foi roubada.

Acusação de Londres de que a Rússia bombardeara um shopping center ficou desmoralizada pelos vídeos, do Ministério da Defesa russa, provando que os radicais ucranianos haviam posicionado artilharia móvel na garagem do referido ‘shopping’.

Em Irpin, nos arredores de Kiev, quando um jornalista americano foi morto há um mês, o crime foi rapidamente varrido para debaixo do tapete, após tacharem “os russos”, quando o próprio companheiro do jornalista em uma entrevista revelou que eles foram alvejados por tropas ucranianas em um posto de controle ucraniano situado a quilômetros de distância das forças russas mais próximas.