Rússia lança gás para Alemanha via gasoduto NordStream 2
“O procedimento de entrada de gás para a primeira cadeia do gasoduto NordStream 2 já começou”, disse em comunicado a operadora, de mesmo nome, que administra a obra que carreará até 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano da Rússia para a Alemanha, passando através das águas territoriais ou zonas econômicas exclusivas da Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Rússia e Suécia.
“Em 4 de outubro, foi iniciado o processo de preenchimento de gás na primeira linha do gasoduto Nord Stream 2. Esta linha será gradualmente carregada para cumprir o inventário requerido e a pressão necessária como pré-requisito para os testes técnicos posteriores”, disse a operadora, acrescentando que “as etapas de pré-comissionamento para a segunda linha já estão em andamento”.
A Agência Dinamarquesa de Energia afirmou que o segundo gasoduto do Nord Stream 2 já cumpre todas as condições para o início da operação, incluindo a certificação.
O projeto Nord Stream 2, construído e operado pela empresa russa Gazprom, implantou um gasoduto gêmeo de 1.230 quilômetros de extensão, que tem um investimento avaliado em US$ 11 bilhões (aproximadamente R$ 60,3 bilhões). Além da empresa russa, o projeto foi co-financiado por cinco grupos europeus de energia (OMV, Engie, Wintershall Dea, Uniper e Shell).
No início de setembro, a Gazprom anunciou a conclusão da construção do Nord Stream 2. Ante essa notícia, o preço de futuros do gás na Europa, que quase alcançou US$ 1.200 (cerca de R$ 6590) por mil metros cúbicos, caiu abaixo dos US$ 1.130 (aproximadamente R$ 6200), de acordo com a plataforma ICE, que digitaliza os mercados de energia.
O gasoduto vai dobrar o fornecimento de gás russo à Alemanha, contornando a Ucrânia, que até agora havia sido um país de trânsito.
As próximas etapas técnicas serão anunciadas adicionalmente pela Nord Stream 2.
Este gasoduto que está dividido em cinco setores – russo, finlandês, sueco, dinamarquês e alemão – sofreu pressões contra sua realização, especialmente por parte dos EUA.
Durante o governo do ex-presidente Donald Trump, o Departamento de Estado dos EUA, o Departamento do Tesouro e o Departamento de Energia tentaram intimidar os empreiteiros europeus com as consequências potenciais da participação na construção do gasoduto.
A implantação já foi temporariamente interrompida no ano passado depois que os Estados Unidos cogitaram sanções aos navios envolvidos no projeto. Na época, com a falta de noção habitual, Trump escreveu no Twitter que a “Alemanha paga à Rússia bilhões de dólares por ano pela energia, e devemos proteger a Alemanha da Rússia. O que é isso?”.
O governo do presidente democrata Joe Biden não voltou atrás nessa ingerência política. Os EUA, que exportam à Europa seu próprio gás natural liquefeito, e também a Ucrânia e a Polônia são contra o novo gasoduto. Washington introduziu sanções contra empresas que operam na construção e no financiamento do novo gasoduto por várias vezes. Mas não adiantou, a obra não se deteve, foi concluída e entra nas fases iniciais de operação.