O USS Donald Cook (acima) estava escalado para entrar no Mar Negro e provocar a Rússia. Teve que mudar o rumo.

Após planejar a entrada de seus destróieres armados com mísseis USS Theodore Roosevelt e USS Donald Cook no Mar Negro, os Estados Unidos decidiram cancelar a medida, como confirmado pela Turquia, país que, conforme o Tratado de Montreux, coordena o ingresso e permanência de navios de guerra de países de fora da região.

Pelos planos do Pentágono, as embarcações entrariam na região entre os dias 14 e 15 e permaneceriam no Mar Negro até 4 ou 5 de maio. O recuo norte-americano ocorre quando a Rússia dá início a exercícios militares no Mar Negro e denuncia a indevida concentração de tropas da Otan nas fronteiras russas.

De acordo com o comando da Frota do Mar Negro, baseada em Sebastopol (Crimeia), a fragata Almirante Makarov e outras embarcações russas, mais helicópteros, se dedicam a exercícios de artilharia contra alvos terrestres e aéreos.

A provocação com o envio de navios de guerra norte-americanos ao Mar Negro já havia sido repudiada, pelo lado da diplomacia, pelo vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov.

“Os navios de guerra americanos perto de nossas costas não têm absolutamente nada para fazer aí. Estas são medidas puramente provocativas que eles realizam, provocativas no sentido mais verdadeiro da palavra”, enfatizou Ryabkov.

Ele assinalou que Washington deveria “ficar longe da Crimeia” e da costa russa do Mar Negro. “Será para o bem deles”, disse o vice-ministro, acrescentando que “os riscos de certos incidentes são muito altos”.

Antes, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, também se referira à retórica agressiva que acompanhou o anúncio da passagem de navios dos EUA para o Mar Negro. “Estão sendo feitas perguntas sobre o que a Federação Russa está fazendo na fronteira com a Ucrânia”.

“A resposta é muito simples: nós vivemos lá, este é o nosso país. Mas o que os Estados Unidos estão fazendo na forma de seus navios, militares, que constantemente organizam algum tipo de eventos através da OTAN na Ucrânia, a milhares de quilômetros de seu próprio território – esta questão permanece sem resposta”, disse Lavrov durante visita ao Egito.

O cancelamento do envio dos dois navios de guerra norte-americanos também foi precedido por telefonema do presidente dos EUA, Joe Biden, ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, em que disse desejar construir uma “relação estável” entre os dois países e sugeriu a realização de uma cúpula russo-americana.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos decretaram novas sanções contra a Rússia por suposta investida cibernática no último ano de governo de Trump, expulsando 10 diplomatas russos e instaurando punições a outras personalidades e instituições russas.

Como se sabe desde Edward Snowden, são os EUA que grampeiam e realizam guerra cibernética no mundo inteiro, e é muito cinismo fazer de coisa que o contrário é que ocorre. Também o WikiLeaks vazou os esquemas da CIA [“Vault Seven”] para cometer guerra cibernética e jogar a culpa nos outros.

A Rússia já anunciou que vai ter resposta e que as sanções dificultam a realização de uma cúpula. O embaixador da Rússia nos EUA está em Moscou “para consultas”, desde o episódio em que Biden chamou Putin de “assassino” e recebeu do líder russo uma resposta demolidora.