Bombeiros combatem princípio de incêndio na central nuclear de Zaporozhia

Os ataques criminosos da Ucrânia à central nuclear de Zaporozhya (ZNPP) empurram o mundo para a beira de um desastre nuclear, advertiu ao Conselho de Segurança na quinta-feira (11) o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzia. Ele também exigiu que o regime de Kiev ponha fim ao “terrorismo nuclear” e acrescentou que a responsabilidade por um novo Chernobyl ou Fukushima será dos “patrocinadores ocidentais” que deram “carta branca” a Kiev para “qualquer crime”. A reunião foi realizada a pedido da Rússia.

Nem mesmo a marcação da reunião extraordinária do Conselho de Segurança inibiu Zelensky e seus neonazis e também nessa quinta-feira a artilharia ucraniana voltou a disparar contra a central nuclear, que, aliás, é a maior da Europa. Só a ação conjunta dos militares russos e dos especialistas ucranianos, que seguem operando a central, lado a lado com as equipes de bombeiros e de emergência, evitou um tenebroso desastre.

Se as forças ucranianas continuarem os seus ataques à central nuclear, uma catástrofe pode acontecer “a qualquer momento”, advertiu Nebenzia. Que poderia levar à contaminação radioativa de vastas extensões de território, afetando pelo menos oito regiões ucranianas, incluindo a sua capital, Kiev, grandes cidades como Kharkov ou Odessa, e alguns territórios da Rússia e da Bielorrússia que fazem fronteira com a Ucrânia. As Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk, assim como a Moldávia, Romênia e Bulgária, são também susceptíveis de sofrer, assinalou.

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a ZNPP armazena 30 toneladas de plutônio e 40 toneladas de urânio enriquecido, que são resíduos da operação dos seus seis reatores.

Tiros de canhão contra central nuclear

Conforme o Ministério da Defesa russo, os disparos contra a central nuclear foram feitos por unidades da 44ª brigada de artilharia ucraniana, com canhões de 152 mm, danificando parcialmente a planta de energia térmica para as próprias necessidades da central, assim como os equipamentos das piscinas do sistema de refrigeração dos reatores nucleares. A infraestrutura crítica da usina nuclear não foi danificada e a operação dos reatores não foi interrompida.

Quatro dias antes, a artilharia ucraniana disparara contra a central nuclear com um sistema Uragan de lançamento múltiplo de foguetes e na área atingida havia um posto de monitoramento da situação de radiação e uma instalação de armazenamento de combustível nuclear irradiado. Além disso, fragmentos e um motor de foguete caíram a 400 metros da unidade de potência operacional. Antes disso, houve um ataque com drone.

A absolutamente cínica versão de Kiev, endossada por Washington e Londres, é que é a Rússia que dispara contra a central, que está sob controle russo desde março. Ou seja, segundo tal alegação os russos têm disparado contra a central que controlam, contra a cidade que abriga a central (Energodar) e contra seus próprios militares que protegem a central nuclear e a cidade.

E foi exatamente esse endosso dos patronos do regime de Kiev com assento no CS às acusações “cínicas e absurdas” contra os russos, logo repetido em coro pela máquina de propaganda ocidental, que Nebenzia rechaçou. “Tudo isso é feito contra o senso comum, já que a ZNPP é controlada pelas forças armadas russas”, disse Nebenzia. “A lógica elementar nos diz que nossos militares não têm motivos para bombardear a estação, a cidade ou a si mesmos”, acrescentou.

A China instou todas as “partes interessadas” a sentarem-se à mesa de negociações e “encontrarem uma solução” para a questão. A Rússia vem defendendo que a AIEA envie uma delegação à central nuclear de Zaporozhia. O que quase foi conseguido em junho, mas foi paralisado sob pressão de Washington.

O diretor da AIEA, Rafael Grossi, que disse ter recebido relatórios “contraditórios” de Kiev e Moscou sobre a ZNPP, pediu que ambas as partes cooperem “e permitam que uma missão da AIEA prossiga”. Ele se comprometeu a intensificar as consultas com a Rússia, Kiev e a ONU para acelerar essa ida.

A repórteres, o enviado russo disse não ter certeza de que a Ucrânia queira tanto essa visita da AIEA “quanto nós, embora eles afirmem o contrário”.

“Tivemos a oportunidade de a AIEA visitar a central nuclear já no início de Junho. Fizemos tudo o que era possível para que fossem criadas as condições para essa visita. Mas isso não aconteceu devido à posição de Kiev e dos seus patrocinadores ocidentais nessa altura, e também à posição do Secretariado da ONU. Chegamos a elaborar a rota e o programa de verificação de segurança da central nuclear, no último minuto tudo foi cancelado”, detalhou Nebenzia.

O representante russo disse ainda que Moscou está chocada com a irresponsabilidade das elites políticas europeias, que seguem dando apoio ao regime de Zelensky.

“Pedimos que transmitam a seus líderes a necessidade de pressionar o regime de Kiev para forçá-lo a interromper os ataques imprudentes à usina nuclear de Zaporozhia, que fazem os moradores dos Estados europeus de reféns. Vocês também são responsáveis por isso”, disse Nebenzia.

Ele ressaltou que a Rússia “não usa infraestrutura civil, muito menos instalações nucleares, para fins militares”. Esta – enfatizou – é uma tática “das forças armadas ucraniana”.

Por sua vez, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, propôs a definição de uma zona desmilitarizada em torno e no perímetro da central nuclear. A Rússia solicitou mais detalhes sobre a ideia, com o embaixador Nebenzia observando que “a desmilitarização da ZNPP a tornará vulnerável” e que não se pode descartar “provocações, ataques terroristas à central nuclear”.

“Aqueles que propõem a retirada das tropas russas devem estar cientes das consequências de que esse objeto ficará sem proteção e poderá ser usado por Kiev e grupos ultranacionalistas para as mais monstruosas provocações”, acrescentou o embaixador. “Sabemos do que o regime de Kiev é capaz”.