Rússia: “EUA criou laboratório de drogas global no Afeganistão”
“Em vez de combater o narcotráfico, durante as duas décadas de controle político-militar do Afeganistão, os Estados Unidos puseram em prática um projeto para criar um laboratório de drogas em escala global”, denunciou o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, frisando que “a produção de opiáceos se multiplicou em mais de 40 vezes”.
Em entrevista publicada quinta-feira (19) no jornal Izvestia, Patrushev recordou que a ocupação do Afeganistão por Washington não se reduziu apenas à eliminação dos alegados responsáveis pelos ataques de 11 de setembro em Nova Iorque, mas também a tarefas muito mais amplas, como o treinamento das tropas locais.
“Na realidade, durante a presença das forças dos EUA o número de ataques terroristas no Afeganistão se multiplicou”, esclareceu Patrushev, acrescentando que facções terroristas como a Al-Qaeda e Daesh (organizações terroristas proibidas na Rússia e demais países) se utilizam daquele território para agir em outros países da Ásia Central, bem como na Índia, na região chinesa de Xinjiang, na Síria ou no Irã.
O secretário russo destacou ainda que, para algumas empresas estadunidenses a guerra no Afeganistão tornou-se uma “mina de ouro”, com o complexo militar-industrial e os empreiteiros privados tirando grande proveito econômico para multiplicar seus lucros. “Gastando enormes somas para manter suas tropas, os EUA não criaram infraestrutura social ou empreendimentos civis. A única coisa que restou para os afegãos comuns foi a devastação. O próprio desenvolvimento do país retrocedeu décadas”, condenou.
A eventualidade de uma entrada de contingentes russos no Afeganistão foi descartada por Patrushev, garantindo que “não há premissas para isso”. O secretário do Conselho de Segurança da Rússia indicou ainda que Moscou espera a formação de um governo inclusivo e para isso pode contribuir por meio de contatos políticos e diplomáticos. Além disso, indicou que o governo russo encontra-se à disposição para dialogar com absolutamente todas as forças que contem “com a vontade do povo afegão” para fazer do país um Estado “forte e próspero”.