Dmitri Peskov, porta-voz do governo russo: "Aguardamos uma resposta da Ucrânia"

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, informou, nesta quarta-feira, que o governo da Rússia apresentou à Ucrânia uma proposta de acordo que inclui questões marcadas no âmbito das conversações de paz e que aguarda a resposta de Kiev. Em conferência de imprensa, Peskov afirmou que “o documento que hoje apresentamos é o nosso projeto e inclui reformulações absolutamente claras e desenvolvidas. A bola está do lado deles [Ucrânia], estamos à espera de uma resposta”.

Peskov não forneceu mais detalhes nem especificou qualquer prazo para esta resposta, assinalando que a Ucrânia é responsável pelo lento progresso nas negociações e ressaltando que Kiev se desvia constantemente de acordos previamente confirmados. “A dinâmica de trabalho no lado ucraniano deixa muito a desejar, os ucranianos não demonstram uma grande inclinação para intensificar o processo de negociação”, disse.

O presidente Vladimir Putin já havia assinalado que Kiev altera constantemente os acordos previamente discutidos e se afasta das suas próprias propostas. “Naturalmente isso prejudica a efetividade das conversações”, acrescentou Peskov.

As propostas de acordo apresentadas pela Rússia em Istambul, na Turquia, no final de março, contêm que a Ucrânia assuma a neutralidade e se comprometa à não adesão à Otan; que admita a autonomia das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk (com população de ucranianos que em grande parte adotam o russo como língua principal) e que Kiev se comprometa a não agredir os cidadãos de fala russa.

Já as propostas de Kiev incluíam a renúncia ucraniana de aderir a blocos militares, a possibilidade de se tornar um Estado neutro com base em garantias de segurança, a suspensão de exercícios militares e do uso e produção de armas de destruição em massa, entre outras. No entanto, recentemente, Zelensky fez um pronunciamento pedindo que voluntários dos mais diversos países do mundo se juntem às forças armadas do país para combater o inimigo. Como resultado, 16 mil soldados de fora da Ucrânia teriam pedido visto para entrar no país e defender suas cores. A informação foi divulgada pelo próprio governo ucraniano.

Regime ucraniano

Ainda nesta quarta-feira, a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, afirmou à televisão estatal que a Rússia “há muito que não tem confiança nessas pessoas”, numa referência à equipe ucraniana nas negociações de paz.

Zakharova denunciou o que definiu como “um circo em sentido figurado e direto por parte do regime de Kiev: que vêm, que não vêm, que participam, que não participam… Estamos preparados para isso em Moscou? Claro que sim”, frisou.

A porta-voz considerou que essa tem sido a abordagem de Kiev em torno das conversações e lembrou o desrespeito dos acordos de Minsk, assinados no final de 2014 e início de 2015. “É um esquema clássico que nos permite assegurar que não se trata de um regime independente e que o controlam desde o exterior”, adiantou, referindo-se ao papel dos Estados Unidos. Disse ainda que “as conversações são uma manobra de distração” para o governo de Zelensky.