Rússia e China fecham novo acordo para ampliar fornecimento de gás
A russa Gazprom e a China National Petroleum Corporation (CNPC) assinaram um segundo contrato de longo prazo – 30 anos – para o fornecimento de 10 bilhões de metros cúbicos (bcm) de gás natural do Extremo Oriente russo, durante a visita do presidente russo, Vladimir Putin, à China para conferência com o presidente Xi Jinping e participação na abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim, na sexta-feira (4).
Com isso, o volume de fornecimento de gás russo para a China pela rota do Extremo Oriente chegará a 48 bilhões de metros cúbicos por ano (incluindo entregas via gasoduto Poder da Sibéria).
Para o vice-ministro das Relações Exteriores Le Yucheng, o acordo de fornecimento de gás natural do Extremo Oriente assinado por empresas dos dois países tornou-se outro grande marco de cooperação na área de energia, proporcionando uma nova garantia para a China atingir suas metas de carbono – com emissões para atingir seu ponto mais alto antes de 2030 e realização da neutralidade de carbono antes de 2060.
“O trem expresso das relações China-Rússia estará sempre a caminho”, reiterou Le. O contrato do gás faz parte de um conjunto de 15 acordos em várias áreas para ampliar as relações entre a Rússia e a China, assinados durante a visita de Putin.
Ainda na área da energia, a Rosnef russa passará a fornecer à estatal chinesa CNPC 100 milhões de toneladas de petróleo através do Cazaquistão ao longo de 10 anos, estendendo efetivamente um acordo existente.
Em 2021, o comércio bilateral atingiu US$ 146,8 bilhões, ultrapassando o limite de US$ 140 milhões pela primeira vez. As exportações da China para a Rússia aumentaram 33,8% em relação ao ano anterior, para US$ 67,57 bilhões, enquanto suas importações da Rússia aumentaram 37,5%, para US$ 79,32 bilhões.
A China é o principal parceiro comercial da Rússia há 12 anos consecutivos. As duas nações estabeleceram uma meta de atingir US$ 200 bilhões em comércio até 2024.
Comunicado de Pequim após a reunião entre os presidentes Xi e Putin destacou que a China tem planos para fortalecer a cooperação estratégica de energia com a Rússia, impulsionar megaprojetos de petróleo e gás, acelerar grandes inovações tecnológicas em energia, explorar novas parcerias energéticas e apoiar os esforços um do outro para salvaguardar a segurança energética.
A cooperação sino-russa na energia vai além do petróleo e gás. Em um artigo assinado divulgado pela agência de notícias Xinhua na véspera da visita a Pequim, Putin disse que “uma parceria energética mutuamente benéfica está sendo formada” entre a China e a Rússia.
“Juntamente com o fornecimento de petróleo e gás a longo prazo para a China, temos planos de implementar vários projetos conjuntos de grande escala”.
“A construção de quatro novas unidades de energia em usinas nucleares chinesas com a participação da Rosatom State Corporation lançada no ano passado é uma delas. Tudo isso fortalece significativamente a segurança energética da China e da região da Ásia como um todo”, disse Putin.
Seja em termos de geopolítica ou complementaridades de recursos e mercados, uma parceria mais próxima de Moscou e Pequim é mutuamente benéfica e ganha-ganha, disse Lin Boqiang, diretor do China Center for Energy Economics Research da Universidade de Xiamen, ao Global Times.
A Gazprom e a CNPC assinaram seu primeiro contrato de 30 anos de fornecimento de gás através do gasoduto Poder da Sibéria em 2014. O gasoduto transfronteiriço de 3.000 km, o primeiro entre a Rússia e a China, iniciou as entregas há três anos.
Em 2015, os lados concordaram com o fornecimento de gás pela rota ocidental, ou Poder da Sibéria 2, que fornecerá gás da Península de Yamal, na Sibéria, onde estão as maiores reservas de gás da Rússia. O novo gasoduto poderá transferir até 50 bilhões de metros cúbicos a mais de gás através da Mongólia para a China anualmente.
O pagamento do gás adicional recém anunciado será em euros, informou a Gazprom. A Rússia continua sendo o principal fornecedor de gás da Europa.
O consumo anual de gás de 541 bcm da Europa é superior aos 331 bcm da China, mas espera-se que este último suba para 526 bcm até 2030, à medida que Pequim reduz sua dependência do carvão.
A consultoria McKinsey estima que a demanda chinesa por gás dobrará até 2035. Seu consumo anual de gás deverá atingir 620 bcm até 2040 e ultrapassar o petróleo como principal fonte de combustível até 2050, segundo dados divulgados em setembro pela gigante chinesa de energia Sinopec.