Ministro Shoigu em visita a base de submarinos em Murmansk

O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, assinalou em pronunciamento a concentração de 40 mil soldados dos Estados Unidos e da Otan nas fronteiras do país, no que são os maiores exercícios militares em 30 anos, reiterou que a Rússia tomou as providências cabíveis para assegurar total prontidão de combate e a segurança militar.

“Nesta primavera as forças armadas conjuntas da Otan iniciaram os maiores exercícios dos últimos 30 anos, Defender Europe 2021. Agora tropas americanas estão sendo enviadas do território continental da América do Norte através do Atlântico. Está em curso a deslocação de tropas na Europa para as fronteiras russas. As principais forças se concentram nas regiões do Mar Negro e do Báltico. Estão concentrados do lado do nosso território até 40 mil militares e 15 mil peças de material pesado, inclusive da aviação estratégica”, relatou Shoigu em uma reunião em Severomorsk na terça-feira (13).

“Reagindo à ação ameaçadora da aliança contra a Rússia, tomamos as medidas correspondentes. No contexto dos treinos, cursos e exercícios do período de inverno, foi realizada a inspeção surpresa de prontidão de combate das tropas dos distritos militares Ocidental e do Sul”, destacou.

“Durante três semanas, dois exércitos e três unidades de paraquedistas foram deslocados com sucesso às fronteiras ocidentais russas. Na zona, foram realizadas as tarefas do exercício de combate. As tropas mostraram total prontidão de combate e capacidade de manter a segurança militar do país”.

“Neste momento, tais unidades estão executando exercícios. Ressalto que todas as verificações serão completadas em duas semanas”, concluiu Shoigu.

A serena colocação de pingo nos ‘i’s de Shoigu se segue a uma semana de frenéticas tentativas de manipulação dos fatos por parte de Washington e seus vassalos, na tentativa de apresentar a Rússia como a “agressora”, e jogar sobre Moscou a culpa pelo que o governo ucraniano vem fazendo, no empenho de rasgar os Protocolos de Minsk para uma solução para a crise no Donbass, o sudoeste da Ucrânia, que se levantou em armas após o golpe CIA-neonazis em Kiev em 2014 e perseguição aos progressistas e aos que falam a língua russa na região.

Anteriormente, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, disse a repórteres que os Estados Unidos estão dando um passo extremamente provocativo ao enviar seus navios de guerra para o Mar Negro.

“Os navios de guerra americanos perto de nossas costas não têm absolutamente nada para fazer aí. Estas são medidas puramente provocativas que eles realizam, provocativas no sentido mais verdadeiro da palavra”, enfatizou Ryabkov.

Ele assinalou que Washington deveria “ficar longe da Crimeia” e da costa russa do Mar Negro. “Será para o bem deles”, disse o vice-ministro, acrescentando que “os riscos de certos incidentes são muito altos”.

Na véspera, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, observou que a passagem de navios dos EUA para o Mar Negro tem vindo acompanhada por uma retórica agressiva.

Segundo ele, “estão sendo feitas perguntas sobre o que a Federação Russa está fazendo na fronteira com a Ucrânia”.

“A resposta é muito simples: nós vivemos lá, este é o nosso país. Mas o que os Estados Unidos estão fazendo na forma de seus navios, militares, que constantemente organizam algum tipo de eventos através da OTAN na Ucrânia, a milhares de quilômetros de seu próprio território – esta questão permanece sem resposta”, disse Lavrov durante visita ao Egito.

A propósito, não deve ter escapado dos atentos observadores russos a coincidência dessas manobras de provocação EUA/Otan contra a Rússia, “maiores exercícios militares em 30 anos”, se darem no 80º aniversário da invasão da União Soviética por Hitler.

Já a situação no leste da Ucrânia se agravou porque o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que se elegeu prometendo paz e reconciliação, cometeu estelionato eleitoral e passou a se recusar a seguir os Protocolos de Minsk de pacificação, patrocinados pela Rússia, Alemanha e França.

Até hoje não aprovou a autonomia das regiões que se rebelaram, nem a anistia, nem as discussões diretas com Donetsk e Lugansk, e no início do ano violou o cessar-fogo, deslocando tropas e blindados para a linha de separação das forças e intensificando ataques.

Zelensky também pediu a imediata anexação da Ucrânia à Otan como “única” forma de terminar a guerra no leste do país – o que seria inteiramente inaceitável para milhões de pessoas que vivem no Donbass, que era a área mais industrializada e desenvolvida do país – e prometeu tomar a Crimeia.

Também promulgou leis de recrutamento de reservistas e de criação de campos de concentração no leste da Ucrânia. Antes, fechou canais de tevê ucranianos em língua russa e cassou deputados oposicionistas.

Barril de Pólvora

Como o vice-ministro Ryabkov destacou, os EUA e a Otan estão transformando a Ucrânia em “um barril de pólvora”, ao empurrar os vassalos de Kiev para uma ‘solução militar’, entupindo os neonazis em torno de Zelensky com armas, dinheiro e conselheiros.

Na semana passada, Zelensky foi à ‘linha de frente’ aparamentado para a guerra, e depois uma porta-voz asseverou que Kiev não está planejando “nada” no Donbass. Aliás, a Ucrânia será palco de parte dos exercícios da Otan, em um ensaio, cujo comando, conforme o planejamento, caberia aos britânicos, incluiria a “tomada do controle da fronteira com a Rússia” – questão que, pelos acordos para pacificação de Minsk é a última a ser resolvida, quando todas as outras questões já estão resolvidas.

Questão sobre a qual Lavrov também falou. “Quando agora os representantes do governo Zelensky dizem que Kiev não está planejando nada no Donbass, porque Kiev não pode lutar contra seu próprio povo, isso não é verdade. Kiev, depois daquela mesma revolução de dignidade, que foi na verdade um golpe inconstitucional, Kiev ataca o seu povo e desde então tem estado a guerrear com o seu próprio povo, declarando-o terrorista. Embora os residentes de Donbass não tenham atacado ninguém no resto da Ucrânia”.