Rússia define o rublo como moeda para a exportação de grãos
Como já alertara, a Rússia estendeu o pagamento em rublos para a exportação de trigo como exigência, em relação aos países que aplicam sanções ao país. Medida que já está valendo para o gás, como forma de evitar que, usando as sanções, tais países simplesmente confisquem os valores entregues a bancos europeus pelo fornecimento, uma vez que tais bancos já congelaram as divisas pertencentes à Rússia e neles depositados.
Moscou gerou um mecanismo que simplifica a operação sem gerar maiores problemas aos compradores: basta abrir uma conta em um banco russo não-sancionado em rublos e outra em euros ou dólares, e proceder ao pagamento, que o banco se encarrega do resto. No caso do gás, os europeus reclamaram muito mas acabaram reinterpretando suas próprias sanções de forma a considerar a transação perfeitamente adequada.
A Rússia também anunciou que irá preferencialmente fornecer seus produtos agrícolas aos “países amigos” e levando em conta “quem mais precisa”.
Rússia e Ucrânia respondem por 14% da produção global de trigo e ocupam o 1º e 5º lugar no setor, respectivamente. Ambos os países são exportadores proeminentes, fornecendo quase 30% das exportações globais de trigo. A UE, os EUA e o Canadá também são grandes produtores e exportadores de trigo.
A China e a Índia são grandes produtores de trigo, mas são importadores líquidos e fornecem parcelas relativamente pequenas das exportações globais de trigo. Outros países com participações de exportação de trigo bastante grandes incluem Austrália (8,4%), Argentina (6,6%), Cazaquistão (4,1%) e Turquia (3,4%) .
A mídia estatal russa detalhou ainda mais o novo decreto publicado em um portal de lei do governo: “Também prevê uma extensão de um ano dos impostos a serem pagos em moeda nacional em relação ao óleo de girassol exportado e à farinha de girassol até 31 de agosto de 2023. “
E ainda, “Como parte do novo mecanismo de pagamento, o preço base para o cálculo do imposto de exportação sobre o trigo será de 15.000 rublos (mais de US$ 267) por tonelada”.
Em declarações na semana passada, o presidente russo, Vladimir Putin, culpou as “ações irresponsáveis” dos próprios países do G7. “O forte aumento da inflação não aconteceu ontem – é o resultado de muitos anos de política macroeconômica irresponsável dos países do G7”, disse Putin durante a reunião do BRICS Plus.
“Certamente estamos prontos para continuar a cumprir de boa fé todas as nossas obrigações contratuais para o fornecimento de produtos agrícolas, fertilizantes, transportadores de energia e outros produtos críticos”, destacou Putin. Ele ainda criticou o que os líderes ocidentais costumam chamar de desrespeito da Rússia à ‘ordem baseada em regras’: “Que regras? Quem as inventou?”
Enquanto a mídia pró-Otan se diz “muito preocupada” com a “fome global” porque supostamente o bloqueio naval russo estaria “impedindo a exportação do trigo ucraniano”, na realidade foi Kiev que fechou seus portos e minou suas águas, e inclusive a Rússia tem buscado uma solução junto com a Turquia e a ONU para o escoamento de grãos.
O que eles não dizem é que os europeus sancionaram o transporte de grãos russos, bem como fertilizantes, de que a Rússia é um dos principais exportadores mundiais, enquanto fazem declarações pomposas sobre a “fome”. Recentemente, a União Africana rechaçou essas pressões contra a Rússia, enfatizando o papel do país no fornecimento de trigo e fertilizantes aos países em desenvolvimento.