Aliança anti-China, alerta Moscou, "afronta formatos de colaboração" com base na ONU

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que a aliança entre os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália (Pacto Aukus), e o denominado Diálogo de Segurança Quadrilateral (Quad) – que também inclui Japão e Índia -, afrontam “os formatos universais” de cooperação na região Ásia-Pacífico, atuando para prejudicar sua integração.

Em seu pronunciamento neste sábado na 29ª Assembleia do Conselho de Defesa e Política Externa da Rússia, Lavrov frisou que já é óbvio que “o centro do desenvolvimento mundial mudou da região euro-atlântica para a região da Ásia-Pacífico” e que é “sob os auspícios da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean]” que está ocorrendo maior integração e desenvolvimento. Foi por meio do diálogo, e não da confrontação ou da imposição de interesses, enfatizou, que foram construídos “formatos universais” de colaboração baseados nos princípios de “consenso”, “igualdade” e “consideração mútua de interesses”, onde todos os principais Estados da região participaram.

A concepção governante nos EUA de estimular iniciativas como o Quad e a recente criação em setembro do Aukus, condenou Lavrov, foram concebidas para “quebrar esse sistema” e sua harmonia, deixando claro, “abertamente, seu objetivo de conter a China”.

Para a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakhárova, a criação do Aukus mostrou que para os EUA e os governos a eles subordinados, a ordem mundial não se baseia na lei, mas em mandamentos recém-criados a seu bel-prazer. Antes, a base legal da ordem mundial era a Carta das Nações Unidas, enquanto hoje “as regras são impressas de forma totalmente caótica”, condenou Zakhárova.

De acordo com Sergei Ermakov, principal especialista do Centro de Coordenação de Pesquisa do Instituto Russo de Estudos Estratégicos, Pequim considera que o surgimento do Aukus e de submarinos nucleares na Austrália representam uma ameaça militar ao país e minam a estabilidade internacional. Na avaliação do estudioso, “a China desenvolverá um plano para conter essas medidas” e acredita que a agressão estadunidense impulsionará uma maior aproximação entre a nação asiática e Moscou na esfera da segurança.