Rússia conquista ouro e prata na patinação feminina em Pequim
A determinação de vencer a hostilização contra a patinadora mais completa de sua geração, Kamila Valieva pressionada por manobras para retirá-la da competição dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022, sob acusação de doping, estava estampada no semblante de suas duas colegas da equipe de patinação da Rússia, Anna Scherbakova e Alexandra Trusova.
A apresentação de Scherbakova fez jus ao histórico de graça e talento da patinação feminina no gelo da Rússia, em uma sequência impecável de saltos combinados com veloz desempenho no solo, lhe valeu o ouro, que vem se juntar ao seu título da campeã mundial em 2021.
A prata ficou para Trusova, que foi inédita na história da patinação com a execução de cinco saltos quádruplos em uma única apresentação.
Já a favorita, Kamila Valieva, de apenas 15 anos de idade e que entrou no ringue ao som do estimulante Bolero de Ravel, acabou mostrando o efeito da pressão exercida por uma postura russofóbica, da Agência Mundial Anti-Doping (WADA), que só não conseguu o seu intento de retirar a patinadora da competição devido à lucidez da Corte de Arbitragem do Esporte (CAS), que considerou insuficiente o caso de exclusão apresentado pela WADA, em combinação com o Comitê Olímpico, devido a localização de uma substância usada contra problemas cardíacos em uma amostra, cujo resultado só foi entregue na antevéspera da disputa na modalidade de Valieva.
Ela teve, no entanto, que enfrentar horas de arguição, com tempo exíguo para organizar sua defesa. Como afirmaram os líderes do Comitê Olímpico Russo e reconheceram os juízes do CAS, não houve tempo hábil para que Valieva e sua equipe reunissem os elementos requeridos para comprovar a limpeza da patinadora. Também não chegou a tempo o resultado da contraprova, que poderia isentar Vanlieva de qualquer acusação de doping.
Ainda assim, o presidente da WADA, Witold Banka, se saiu com uma declaração histérica horas antes do julgamento: “Dopar crianças é mau e imperdoável, e os médicos, técnicos e outro pessoal de apoio contra os quais tenha-se encontrado que forneceram drogas para fortalecer performance devem ser banidos por toda a vida e pessoalmente, também penso que deveriam estar na prisão”.
O porta-voz do Comitê Olímpico Internacional, Mark Adams, segundou a campanha da WADA para dizer que não haveria cerimônia de entrega de medalhas no caso de Valieva vencer a competição e que ela não receberia a medalha de ouro.
Tudo isso pesou sobre os ombros de Valieva que acabou tendo três tropeços durante sua apresentação e indo duas vezes ao chão. Mesmo assim, o conjunto dos movimentos e a destacada pontuação obtida no programa da véspera lhe valeram a quarta posição.
A colocação das competidoras ficou assim: 1º lugar, Anna Scherbakova com 255,95 pontos/ 2º lugar com Alexandra Trusova, com 251,73/ 3º lugar foi para a japonesa Kaori Sakamoto, 233,13 pontos e quarto, Valieva, 224,09.
O jornalista Rick Sterling foi um dos que se insurgiu contra a sabotagem da qual foi vítima Kamila Vaieva: “Alguns analistas acreditam que as acusações contra a Rússia e atletas russos fazem parte da campanha de guerra híbrida do Ocidente contra a Rússia”.