O governo do Paraná assinou na tarde desta quarta-feira, 12, um acordo de parceria com a Rússia para ter o direito de desenvolver a vacina Sputnik V.

De acordo com o governo paranaense, o convênio é uma espécie de “protocolo de intenções”, que possibilita um trabalho conjunto entre os dois governos no desenvolvimento dos testes da fase 3, e posterior produção da vacina.

O embaixador russo no Brasil, Sergey Akopov, e o presidente do Fundo Soberano de Investimentos, Kirill Dmitriév, participaram do encontro virtual e referendaram o memorando. Integrantes do Ministério da Saúde, do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações também acompanharam a assinatura. Todos os estudos serão acompanhados pela Agência Nacional de Saúde (ANVISA).

A partir de agora, será criado um grupo de trabalho em que a Rússia compartilhará com o Governo do Paraná e com a Agência Nacional de Saúde (Anvisa) os resultados das fases um e dois dos estudos da vacina. A previsão é de que a fase número três – quando um número maior de pessoas recebem a vacina – ocorra no estado.

O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) será responsável por todas as etapas, desde a pesquisa até a distribuição das doses da Sputnik V.

Os termos gerais do acordo foram firmados durante uma reunião por videoconferência com o governador Ratinho Júnior (PSD), representantes do governo do Paraná, Ministério da Saúde e embaixada da Rússia. “A ideia do memorando de entendimento é ampliar a cooperação e estabelecer uma parceria. Estamos avançando nas tratativas para transferência de tecnologia”, disse o governador do estado.

“A assinatura foi o primeiro passo dessa relação de confiança. Para avançar, a Rússia precisa compartilhar os dados técnicos das fases 1 e 2 da pesquisa com o Paraná, o que eu acho que vai acontecer rápido, e depois os documentos serem submetidos e analisados pela Anvisa”, detalhou o chefe da Casa Civil do Paraná, Guto Silva.

“É um memorando de entendimento bastante objetivo que versa sobre troca de tecnologia. Ele não gera obrigações, mas uma nova construção, um entendimento de que podemos trabalhar juntos. Vamos criar um grupo de trabalho para a formação de um protocolo que vai ser submetido às autoridades brasileiras”, afirmou Jorge Callado, diretor-presidente do Tecpar. “Nesse momento a prioridade é a validação da vacina no País. Dependemos dessa aprovação para os outros encaminhamentos”.

Ele acrescentou que o memorando é um “primeiríssimo passo” para a entrada da vacina no País. “Agora podemos trabalhar os aspectos regulatórios e técnicos, mas sempre pensando na prudência, na serenidade e na transparência. Temos que trabalhar muito bem essa parceria para que os resultados sejam os melhores possíveis para todos os brasileiros”, disse o diretor-presidente do Tecpar.

SPUTNIK V

Nesta quarta-feira, governo russo informou que realizou as duas primeiras etapas de testes e que começará a terceira em breve. O primeiro lote dessa vacina estará pronto em duas semanas e as doses serão aplicadas em médicos do país.

O governo russo também destacou que as críticas ou preocupações internacionais não têm fundamento.

Os testes clínicos começaram na Universidade Sechenov, em Moscou, no dia 18 de junho. A segurança da vacina foi confirmada em 38 voluntários. Todos os que testaram a vacina desenvolveram imunidade ao vírus.

Sobre a terceira fase e mais ampla de testes, o governo russo garante que a Sputnik V continuará passando por testes clínicos com a participação de milhares de pessoas juntamente com modernos sistemas de acompanhamento digital dos efeitos das aplicações nestes voluntários.

“Os documentos estão sendo preparados para a continuação dos testes clínicos com a participação de alguns milhares de pessoas. Para monitoramento operacional da saúde dos vacinados e controle da eficácia e segurança, o Ministério da Saúde da Rússia está criando um circuito digital, que vai permitir monitorar a segurança e a qualidade da vacina em todas as fases”, afirmou o ministro da Saúde da Russia, Mikhail Murashko.

A vacina russa tem dois componentes injetados separadamente que, em conjunto, produzem uma imunidade a longo prazo contra o vírus.

As partículas do coronavírus na vacina da COVID-19 não podem prejudicar o organismo, disse Aleksandr Gintsburg, diretor do Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya. Segundo o cientista, a substância usa partículas inanimadas criadas com base no adenovírus.

“Vivas são as partículas e os objetos que podem se auto-reproduzir. Estas partículas não se podem reproduzir”, explicou ele à emissora Rossiya 24. “Como tal, não há razão para temer que a vacina possa prejudicar a saúde”, concluiu o médico.