“Estamos dispostos a implementar projetos de alta tecnologia com nossos parceiros europeus”, disse Putin

O presidente russo Vladimir Putin anunciou, durante sua presença no Fórum Econômico de São Petersburgo na sexta-feira (4) que “duas horas e meia atrás concluímos o assentamento dos tubos para a primeira seção do Nord Stream 2, e as obras estão avançando no segundo segmento.”

“O gasoduto, incluindo o segmento submarino, já foi concluído”, acrescentou o presidente. “Existem duas seções, do lado alemão e do lado russo – elas precisam ser soldadas – e então estarão concluídas”.

A estação base, revelou ele, está “pronta” para bombear gás no Nord Stream 2 e começar a fornecer aos consumidores em conformidade com rígidos padrões ambientais. “Estamos dispostos a implementar projetos de alta tecnologia como este com nossos parceiros europeus e em outros lugares”, declarou Putin.

“Esperamos que o paradigma do uso mútuo e benefício mútuo sempre prevaleça sobre todos os tipos de barreiras artificiais do clima político atual”, assinalou Putin, em clara referência à saraivada de sanções com que Washington tem tentado deter o gasoduto. Durante o governo Trump, os EUA conseguiram temporariamente interromper a construção ao ameaçar uma empresa com sede na Suíça com sanções. Embarcações russas substituíram os navios europeus na colocação dos dutos.

No mês passado, o presidente Joe Biden admitiu que não havia mais como interromper a construção do gasoduto e que seria “contraproducente” sancionar os aliados, mas acrescentou mais sanções contra a Rússia. Apesar de tudo, a Alemanha resistiu às pressões.

O Nord Stream 2 consiste em um gasoduto gêmeo de 1.200 quilômetros de extensão, que carreará até 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano da Rússia para a Alemanha, passando através das águas territoriais ou zonas econômicas exclusivas da Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Rússia e Suécia.

O gasoduto representa um investimento de 12 bilhões de euros, bancado pela gigante estatal russa Gazprom e por cinco empresas europeias: OMV (austríaca), Wintershall (do grupo Basf, alemã), Engie (francesa), Uniper (alemã) e Shell (anglo-holandesa).

A Rússia denunciou o desejo de Washington de “impor à Europa” o mais caro o gás liquefeito dos EUA, obtido a partir do poluidor fracking, para “retardar o desenvolvimento” da economia europeia e “minar sua capacidade de competir com os EUA nos mercados mundiais”.

Tendo decidido abrir mão da energia nuclear e do carvão, como parte do plano de energia limpa, a Alemanha precisa do gás russo barato e de fornecimento seguro para o bom andamento de seu plano de desenvolvimento nas próximas décadas.

Enquanto Washington diz que o gasoduto russo-alemão é uma “grave ameaça” à “segurança energética da Europa e à segurança nacional americana”, em Berlim ninguém acredita nisso: “eles só querem nos vender seu gás de fracking”, registrou o portal Politico. Por sua vez os governos de extrema direita nos países bálticos, Polônia e Ucrânia fizeram de tudo para sabotar a finalização do Nord Stream 2.