RJ: Witzel sofre busca e apreensão da PF como adiantou Carla Zambelli
A Polícia Federal (PF) desencadeou na manhã desta terça-feira (26) a Operação Placebo, com 12 mandados de busca e apreensão, um deles no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), aliada de Jair Bolsonaro, antecipou a operação em entrevista à Rádio Gaúcha na segunda-feira (25). Equipes da PF também foram à casa onde Witzel morava antes de ser eleito, no Grajaú, e no escritório de advocacia do governador, que é ex-juiz federal.
O governador Wilson Witzel negou, na manhã desta terça-feira (26), qualquer participação em esquema de fraudes na Saúde do estado, alvo de investigação da Polícia Federal. Para ele, a operação “oficializa a interferência de Bolsonaro”.
“Não há absolutamente nenhuma participação ou autoria minha em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal. Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará. A interferência anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada. Estou à disposição da Justiça, meus sigilos abertos e estou tranquilo sobre o desdobramento dos fatos. Sigo em alinhamento com a Justiça para que se apure rapidamente os fatos. Não abandonarei meus princípios e muito menos o Estado do Rio de Janeiro”, afirmou o governador em nota.
Outros alvos da ação da PF desta terça-feira, autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça, são Gabriell Neves, ex-subsecretário de Saúde de Witzel preso na Operação Mercadores do Caos, e o Iabas (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde), organização social (OS) contratada pelo governo do RJ para a construção de sete hospitais de campanha no estado. Uma cópia do contrato com o Iabas teria sido encontrado no escritório da esposa de Wilson Witzel.
Outra operação da PF há duas semanas prendeu cinco pessoas, entre elas o empresário Mário Peixoto, que tem contratos de R$ 129 milhões com o governo do RJ. Após essa operação, a Lava Jato no Rio enviou citações a Witzel para a Procuradoria-Geral da República. Às 8h40, agentes saíram do Palácio Laranjeiras com um malote com documentos.
O governo do estado anunciou R$ 1 bilhão para o combate à Covid-19. A maior parte desse orçamento — R$ 836 milhões — foi destinada para o Iabas em contratos emergenciais, sem licitação, para hospitais de campanha. Foram prometidas sete unidades em pleno funcionamento até o dia 30 de abril, mas nenhuma foi aberta no prazo.
Perguntado esta manhã sobre a operação desta terça-feira (26) , Bolsonaro respondeu: “Parabéns à Polícia Federal. Fiquei sabendo agora pela mídia. Parabéns à Polícia Federal, tá ok?” O presidente é investigado em inquérito conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de tentar interferir ilegalmente na Polícia Federal para controlar as investigações da corporação. As denúncias foram feitas pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro.
Na entrevista à Rádio Gaúcha, a deputada Carla Zambelli falava sobre a demissão do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Ex-aliada de Moro, ela disse que algumas operações da PF que estavam “na agulha” começaram a ser executadas depois da saída do ex-ministro.
Nesse ponto da entrevista, ela mencionou uma operação que, segundo a deputada, se chamaria “Covidão”, em referência à pandemia. “A gente já teve operações da Polícia Federal que estavam na agulha para sair, mas não saíam. E a gente deve ter nos próximos meses o que a gente vai chamar talvez de Covidão, ou de, não sei qual é o nome que eles vão dar, mas já tem alguns governadores sendo investigados pela Polícia Federal”, afirmou a deputada.