O ator argentino Ricardo Darín, considerado atualmente como um dos melhores e mais populares intérpretes de seu país e da América Latina, deu uma entrevista ao jornalista Diego Leuco no programa We are great (TN), de sua casa, onde está em isolamento. Referindo-se aos que ignoram a quarentena e saem às ruas sem nenhuma necessidade – situação com a qual lamentavelmente convivemos também no Brasil – foi direto: “É muito difícil combater a pandemia de imbecis”.

“É difícil se colocar no lugar de outras pessoas. Certamente, uma parte terá razões que não estão contempladas nas regras que todos temos que cumprir, mas há situações muito delicadas e que a Justiça avaliará quando chegar a hora. Isso não significa que não haja imbecis. É muito difícil combater a pandemia de imbecis. O grande problema é aqueles que acreditam que são os mais espertalhões da Terra, algo muito típico de nós. É angustiante para a grande maioria que está cumprindo as regras de isolamento ver que há outros que não querem ou não podem fazê-lo. Com aqueles que não podem, eu gostaria, se não rompesse o isolamento com isso, ficar juntos par ouvi-los”, afirmou sobre os argentinos processados por violar a quarentena.

“Eu vou levando como posso, mas estou bem. Com paciência, o que há para ter. A incerteza é algo que preocupa a todos nós. Não quero ser pessimista, mas todos os dias experimentamos momentos de luto. Hoje morreram 14 pessoas”, assinalou o artista, referindo-se aos falecimentos na Argentina no sábado (11).

O ator falou do contexto que lhe provoca mais intranquilidade: “Tenho uma grande preocupação pelo momento em que este vírus chegue mais aos subúrbios, aos lugares onde as pessoas não estejam bem preparadas como alguns privilegiados como eu ou alguns de nós”.

“Nós somos privilegiados. Porque o isolamento é um privilégio: se você pode ficar na tua casa e aguentar bem este tsunami, você é um privilegiado, mas há muita gente que não está nessa posição e tem que ficar, é muito importante que fique”, acrescentou o ator argentino.

Darín ponderou que “esta é uma tragédia episódica. Me assusta, me comove a numerologia de todo este assunto. Esquecemos que esse número tem nome e sobrenome, há uma família por trás, afetos”

“Deste duro golpe se depreendem outros paradoxos. Que não estejamos circulando permitiu ao planeta respirar. Às vezes, sinto que este tipo de coisas são respostas. Os humanos somos pequeninos, porém importantes se estamos um ao lado do outro. De como nos comportemos frente a esta tragédia depende nosso futuro. Tomara possamos aprender que, se o outro não está bem, nós não podemos estar bem”, concluiu o artista argentino.

Ricardo Darín nasceu em Buenos Aires, em 1957, e começou atuar ainda pequeno. Tornou-se conhecido na teledramaturgia em telenovelas de sucesso, A partir do fim dos anos 1990, com o filme Nove Rainhas, de Fabián Bielinsky, começou a trabalhar mais no cinema. Ficou conhecido internacionalmente ao protagonizar o longa O Segredo dos Seus Olhos (2009), premiado com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Darín também se destaca por seus papéis em “Clube da Lua” (2004), Abutres (2010), Um Conto Chinês (2011), Tese Sobre um Homicídio (2013) e Relatos Selvagens (2014), entre muitos outros.