O Pentágono confirmou que o número total dos seus soldados que sofreram “lesão cerebral traumática” na retaliação iraniana ao assassinato, por Washington, de seu principal chefe militar, subiu na segunda-feira para “109”.

Inicialmente, Trump havia dito que as baixas dos Estados Unidos no ataque haviam sido “zero”. A mentira foi sendo retocada pelo Pentágono, para 11, depois para 34, daí para 50, logo majorado para 64 e, agora, superando uma centena.

O ataque de resposta iraniano foi no dia 8 de janeiro, após o assassinato do general Qassem Suleimani, por drone, no dia 3, em Bagdá, onde havia chegado em visita oficial.

Diz o Pentágono que são “lesões cerebrais traumáticas” de natureza “leve” – antes Trump garantia que se tratava de apenas “dor de cabeça”. Nada que um Tylenol não pudesse curar depois de um míssil explodir “levemente” em cima de um buraco no Iraque lotado de soldados norte-americanos em pânico.

Não foi o próprio Trump que disse em janeiro ter ouvido que [os soldados] “tiveram dores de cabeça e algumas outras coisas … e eu posso dizer que não é muito grave”?

Pelas imagens que vazaram de dependências norte-americanas em destroços após a retaliação dá para ter uma ideia da intensidade da nova cefaleia.

Como o Pentágono também garantiu que “76” já “retornaram ao serviço” – isto é, à ocupação -, deduz-se que os mais estropiados são 33 – e subindo desde o dia 8 do mês passado.

Conforme os registros anteriores, parte deles já está de volta aos EUA, para aumentar a multidão de mutilados das guerras pelo petróleo de sucessivos governos norte-americanos no Oriente Médio que passaram pelo hospital militar Walter Reed. Outros estão em frangalhos no hospital militar dos EUA de Landstuhl, na Alemanha.

Associações de veteranos dizem que 400 mil soldados já foram diagnosticados com lesão cerebral traumática desde a invasão do Iraque.

Como prevenir é melhor do que remediar, o Pentágono de novo deixou a porta aberta para novos remendos, ao esclarecer que o novo total é “um instantâneo no tempo” e os números “podem mudar”. “Continuaremos fornecendo atualizações assim que estiverem disponíveis”, afirmou o o otimista comunicado do Pentágono.

Para as autoridades militares iranianas, essa imprecisa classificação de vítimas de “lesão cerebral traumática” não passa de uma cobertura para as muito reais baixas decorrentes da resposta iraniana ao assassinato com drone.

Também partiu de Teerã a afirmação de que, logo após os ataques de resposta iranianos, nove aviões-cargueiro C-130 foram acionados para transportar os feridos em pior estado, para hospitais militares fora do Iraque, com os casos menos graves sendo transportados de helicóptero até Bagdá. Há relatos, ainda, de soldados com queimaduras e traumas levados para o hospital militar dos EUA em uma base do Kuwait.

Na noite do último sábado, dois soldados norte-americanos foram mortos e outros seis ficaram feridos em um ataque realizado no Afeganistão, na província de Nangarhar, segundo a Associated Press.

Fontes do regime títere e do Pentágono relataram que foi um militar do exército afegão (colaboracionista), ou um cidadão local trajado como se fosse, que inesperadamente metralhou soldados norte-americanos quando ocorria uma operação conjunta no distrito de Sherzad.

São contraditórias as informações sobre se o atirador foi morto no local ou não. Fontes locais asseveraram que o homem não era ligado aos “extremistas”, e que o tiroteio começou após ele se desentender com os norte-americanos. Também foi morto um soldado do regime e outros três ficaram feridos.