Os médicos residentes de clínica médica do Hospital São Paulo (HSP) entraram em greve, nesta terça-feira (9), contra a falta de insumos básicos para o atendimento. A unidade é ligada à Universidade Federal de São Paulo e é um dos três centros médicos de alta complexidade da capital, ao lado do Hospital das Clínicas e da Santa Casa.

De acordo com os residentes, faltam insumos como luvas cirúrgicas, aventais, máscaras e antibióticos para o atendimento dos pacientes. Os estudantes afirmam também que há dezenas de pacientes pelos corredores em decorrência deste déficit de material.

A reclamação dos residentes vem desde o ano passado, quando, por causa da pandemia, aumentaram o número de leitos para atender pacientes com Covid-19. Além disso, a unidade funciona como pronto-socorro, atendendo outras demandas que não relacionadas ao novo coronavírus.

Com o aumento da demanda, inicialmente, também foram destinadas mais verbas públicas e privadas para o Hospital São Paulo durante o primeiro semestre de 2020. Já no segundo semestre, os recursos minguaram, mas não houve queda no volume de trabalho, com cerca de mil atendimentos por dia.

De acordo com os grevistas, por causa do déficit no orçamento, fornecedores passaram a bloquear o repasse de medicamentos para o hospital e começaram a faltar itens básicos, de equipamentos de proteção a antibióticos.

“Na semana passada faltava soro glicosado para atender pacientes com hipoglicemia. Vi paciente recebendo açúcar na boca para tentar contornar a situação. Está faltando soro fisiológico, fundamental para diluir medicamentos. Antibióticos básicos também”, contou uma residente ao Estadão.

“Todas as enfermarias e UTIs estão lotadas e muitos pacientes ficam no corredor. Paciente com Covid-19 circula por lá, tem barulho o tempo inteiro, luz o tempo inteiro”, acrescentou.

Em nota, o Hospital São Paulo confirma a falta de insumos e promete solucionar o problema em até 48 horas e solicitou que os residentes mantenham as atividades.

De acordo com a nota, “a unidade tornou-se um hospital preferencialmente covid, atendendo a um grande volume de pacientes graves, que geraram maiores custos, que não estavam previstos”.

Além disso, acrescentou o hospital, “o pronto-socorro da unidade permaneceu aberto à população, atendendo a um alto número de pacientes – em torno de 1.000 por dia, em média. Importante ressaltar que a unidade recebeu no primeiro semestre de 2020 incentivos fiscais, recursos públicos e doações, que permitiram o custeio das atividades, mas que, infelizmente, não se mantiveram no segundo semestre”.

Enquanto a situação não se resolve, os residentes trabalham em plantões com cerca de 30% do efetivo. Até o fim de semana, residentes de outras áreas, como cirúrgica, enfermagem e especialidade clínica, devem aderir ao movimento, totalizando cerca de 300 estudantes.