Vereador Carlos Bolsonaro (foto: reprodução)

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) considera um ataque à democracia a declaração feita na segunda-feira pelo filho de Bolsonaro, Carlos, chamado pelo pai de “02”, de que “por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos… e se isso acontecer.” A mensagem foi divulgada pelo twitter.
O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, afirmou que “não há como aceitar uma família de ditadores”. “É hora dos democratas do Brasil darem um basta. Chega”, disse.
O PSDB também reagiu. Em nota, afirmou que “figuras autoritárias insistem em transformações que não sejam pelas vias democráticas”. Os tucanos lembraram que, “por vias democráticas o brasileiro elegeu presidentes, apoiou impeachment dos que cometeram irregularidades […], elegeu Bolsonaro e tirou o PT”.
A ex-ministra Marina Silva (Rede) assinalou que os “arroubos autoritários não podem prosperar, em hipótese alguma”. “Existem limites institucionais em uma democracia, que exigem o diálogo e respeito pelas diferenças. Os caminhos traçados por nossa Constituição são pelas vias democráticas. Não há alternativa fora da democracia!”, frisou a ex-ministra.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, também reagiu à manifestação de Carlos Bolsonaro, fazendo um apelo por uma “aliança democrática” que faça frente ao governo, “para o país não implodir”. Ele aproveitou a oportunidade para criticar a atuação do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente, a respeito do pedido de instalação da CPI da Lava Toga, que serviria para investigar a atuação de membros do Poder Judiciário.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) considerou inaceitável que o filho de Bolsonaro, aquele que fala por ele nas redes sociais, venha a público desqualificar a via democrática no Brasil. “O que essa turma está achando? Que vão implantar uma ditadura? A democracia é maior que o autoritarismo da família das trevas”, criticou o deputado.
Para a líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), fora da via democrática está o autoritarismo, a censura, o fim da liberdade. “A transformação sem democracia é retrocesso, perda de direitos e um terreno fértil para uma ditadura que esperamos nunca mais se repita”, disse.
“Esse rapaz é um percevejo desses que infestam a vida política brasileira e não mereceria qualquer tipo de reflexão. O problema é que ele é um filhote do Bolsonaro, e ele só pode merecer alguma reflexão na proporção em que isso representar um pensar do Bolsonaro”, declarou na terça-feira (10) o ex-governador Ciro Gomes, durante debates no Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“É preciso que todos nós cobremos do Bolsonaro uma declaração explícita, clara, se esse menino está falando mais uma bobagem, mal-amado que é, percevejo da vida brasileira”, complementou. “Mas se ele imagina que vai transgredir o estado democrático de direito, ele que tente, para ver quantos brasileiros vamos encará-lo, na linguagem que ele preferir”, destacou.
Erika Kokay, deputada federal pelo PT do Distrito Federal, afirmou que o filho do presidente fez “apologia ao golpe” e que, por meio da sua postagem, “o fascismo mostra sua cara e arreganha os dentes”. O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), lembrou que na prática Carlos Bolsonaro é um ministro sem pasta, refaz em outros termos a afirmação de seu pai 20 anos atrás.