Nadine Gasman

Nesta quarta e quinta (26 e 27) foi realizado o II Diálogo Mulheres em Movimento: Alianças e Ações Coletivas. O encontro teve como objetivo reunir mulheres de diversos países para debater o empoderamento feminino, celebrar conquistas históricas e fortalecer os movimentos para fazer frente aos novos desafios e realidades. Para Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres, apesar do Brasil estar em um momento de antidireitos, as mulheres seguem na luta contra os ataques.

Durante sua fala no evento, a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, chamou atenção para o momento vivido pelas mulheres no Brasil. Segundo ela, em meio aos avanços conquistados nos últimos anos, há também o prenuncio de um possível retrocesso para as mulheres, referindo-se a candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) que coleciona um histórico de atos e fala machistas e misóginos.

“O atual momento eleitoral no Brasil é um exemplo da reação antidireitos, mas as brasileiras – contando com a solidariedade de muitas mulheres do mundo – estão se unindo para barrar o retrocesso de seus direitos e conquistas. As mulheres seguem firmes na luta contra os antidireitos, contra os ataques da ideologia de gênero, contra os retrocessos institucionais que limitam os direitos das mulheres no trabalho, na saúde, na educação e em outras dimensões das suas vidas. É por isso que nós, mulheres, falamos não”, disse a representante da ONU Mulheres.

Apesar dessas ameaças aos direitos das mulheres, Nadine destacou nem tudo é ruim e essa união feminina é exemplo disso, como a mobilização #EleNão, em que mulheres de todo país participarão de atos espalhados pelo país contra os retrocessos que Jair Bolsonaro representa. Além disso, há o incentivo à participação das mulheres na política.

“Estamos vivendo um momento impressionante de mobilização das mulheres atuantes em organizações e grupos feministas, partidos, escolas, nas ruas, nas redes para aumentar a criticamente a participação das mulheres no processo eleitoral, inclusive. Pela primeira vez nessas eleições há novas medidas definidas no Tribunal Eleitoral para dar fundos e tempo para as mulheres que estão se elegendo e isso não é pouca coisa, isso é uma mudança”, destacou a representante.

Ela também citou a necessidade de uma “democracia paritária que é um modelo político no qual a paridade e a igualdade [entre homens e mulheres] são centrais para a organização das políticas públicas de investimento”.

Uma pesquisa realizada pela ONU Mulheres e o Ibope mostrou que 81% de brasileiros e brasileiras querem políticas federais de promoção à igualdade e que 77% avaliam que deveria ser obrigatório que os parlamentos em todos os níveis tivessem composição paritária, ou seja, correspondência equitativa entre homens e mulheres.

Para isso acontecer, Nadine disse ser necessário “um compromisso suprapartidário e intersetorial de vontade política para se ter leis e políticas públicas com recursos apropriados que garantam que as mulheres e os homens tenham as mesmas oportunidades e condições e igualdade em todos os âmbitos, no âmbito político, no âmbito econômico, social e cultural”.

“Mesmo com o descrédito e a dor que tem a situação política, as mulheres têm utilizado essa força para se movimentarem, para serem mais ativas do que nunca, mesmo que ainda não estejamos no centro do poder político, já é impressionante ver no diálogo e no discurso dos partidos o reconhecimento e a importância das mulheres. Nós temos que promover a ideia e o comprometimento dos candidatos e das candidatas, dos eleitores e eleitoras para eleger mais mulheres e homens comprometidos com os direitos femininos”, finalizou Nadine Gasman.

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