Correspondente do NYT, Carlotta Gall, relatou mochilas e rifles no interior do prédio usado como quartel

Alegação do regime Zelensky, corroborada pelo New York Times, sobre ‘ataque russo a civis em Chasiv Yar’ no sábado, acabou sendo desmascarada, sem que tivesse notado a tempo de censurar, por uma correspondente do jornal na região, transcrita por um vacilo da edição.

O NYT primeiro descreveu que “equipes de resgate trabalharam no domingo e na segunda-feira para retirar os sobreviventes dos destroços de um bloco residencial de cinco andares na vila oriental de Chasiv Yar, em Donetsk, que foi alvo de mísseis russos. Vinte e quatro pessoas morreram e nove pessoas foram resgatadas”.

Já o Ministério da Defesa russo havia afirmado que atingira “um ponto de implantação temporário da 118ª Brigada Territorial ucraniana, que resultara na eliminação de mais de 300 militares nacionalistas”, equanto que Zelensky havia aproveitado a suposta morte de civis em um prédio para pedir a Washington “mais armas”.

Mas, como registrou o portal Moon of Alabama, o artigo assinado por Carlotta Gall, no mesmo NYT, permite esmiuçar o que realmente ocorreu. Em sua descrição do “ataque mais mortífero” de sábado, ela afirma que foguetes atingiram um complexo de apartamentos na vila de Chasiv Yar, a cerca de 16 quilômetros do front. “Pelo menos 15 pessoas morreram”.

“Durante todo o dia de domingo, soldados e equipes de emergência trabalharam para resgatar pessoas do complexo bombardeado, resgatando um sexto sobrevivente dos escombros quase 24 horas após o ataque dos foguetes russos”, ela acrescenta.

A correspondente do NYT transcreve o depoimento de um morador, Oleksandr, 31, que estava ali assistindo ao trabalho de resgate. “Minha avó estava aqui”, disse ele. “Essa é a cama dela”, acrescentou apontando para a pilha de escombros. “Espero que eles a encontrem e eu possa lhe dar um funeral.”

É então que Gall registra que Oleksandr disse que “cerca de 10 civis, a maioria mulheres aposentadas, viviam no prédio no momento do ataque, mas que os militares tinham vindo para se hospedar lá dois dias antes”. Ele relatou ter tentado “persuadir sua avó a se mudar para sua casa”, mas foi “ela que recusou”.

Quanto à presença de militares no suposto ‘alvo civil’, é a correspondente do NYT que relata que “dois soldados que estavam hospedados no prédio estavam entre os mortos, de acordo com outro soldado que chegou com colegas da linha de frente perto de Bakhmut para recuperar pertences”. Ele deu apenas seu primeiro nome, Dyma, e sua idade, 28 anos, ela acrescenta. “Coletes e mochilas militares e um rifle quebrado, coberto de pó de tijolos, jaziam no chão sob as árvores”.

Como assinalou o Moon of Alabama, com base nos registros da jornalista Gall, eram “10 as mulheres idosas que moravam no prédio”, segundo depoimento do neto e morador de Chasiv Yar, Oleksandr.

Já que pela última atualização do NYT um total de 24 vítimas mortas foram localizadas, e considerando que duas dúzias estão ainda desaparecidas e 8 foram resgatadas, “isso perfaz um total de 56 pessoas atingidas pelo ataque, das quais possivelmente 10 eram aposentadas residentes”, sumariza o portal.

A conclusão óbvia é que os outros 46 – o total de 56 menos as 10 aposentadas – eram “membros das forças armadas que tinham vindo alojar-se lá dois dias antes”, conforme depoimento de Oleksandr.

Bernard, que encabeça o Moon of Alabama, argumenta, com razão que chamar isso de “ataque aos civis” é, no mínimo, “incorreto”. Na verdade, “foi um ataque a um alvo militar que infelizmente usava uma estrutura residencial civil com os moradores se tornando escudo humano”.