Renda recua 8,7% no trimestre encerrado em março, diz IBGE
Em meio à inflação generalizada no governo Bolsonaro, que atingiu o maior índice dos últimos 27 anos, a renda média do brasileiro continua em queda em março, segundo a Pnad Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta sexta-feira (29). A renda média, ou seja o rendimento médio habitual recebido de todos os trabalhos, por mês, caiu 8,7% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado.
A massa de rendimento real habitual (R$ 237,7 bilhões) não teve variação significativa em relação ao início do ano passado,, confirmando o empobrecimento cada vez maior da população brasileira, particularmente da população mais pobre. Assim como o trabalho precário no país mantém-se em patamar elevado, deixando no abandono milhões de brasileiros sem qualquer direito trabalhista.
11,2 milhões de desempregados
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,1% no primeiro trimestre de 2022, na comparação com o terceiro trimestre de 2021. Ao todo, são 11,9 milhões de brasileiros desempregados. A população ocupada com algum trabalho foi estimada em 95,3 milhões, uma queda de 0,5% na comparação com o trimestre anterior, o que significa 472 mil pessoas a menos no mercado de trabalho, de acordo com instituto.
“Se olharmos a desocupação em retrospecto, pela série histórica da pesquisa, podemos notar que, no primeiro trimestre, essa população costuma aumentar devido aos desligamentos que há no início do ano. O trimestre encerrado em março se diferiu desses padrões”, afirmou a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, sobre uma expectativa de recuperação que não se confirmou.
Com a economia estagnada, sem investimentos públicos e os juros elevados desestimulando os investimentos privados, são 26,8 milhões de Brasileiros que buscam emprego no país – pessoas alocadas na chamada taxa de subutilização da força de trabalho, que inclui: os desempregados, os subocupados (que trabalham menos de 40 horas semanais) e a força de trabalho potencial (pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuraram trabalho, ou que procuraram, mas não estavam disponíveis para trabalhar).
O trabalho precário – e por consequência, de baixa remuneração – se mantém em patamares elevados no primeiro trimestre de 2022. A taxa de informalidade, que inclui os populares “bicos”, foi de 40,1% da população ocupada, ou 38,2 milhões de trabalhadores informais.
O número de trabalhadores por conta própria (os empreendedores por necessidade, ou para ser mais claro, a turma do se vira como puder), aumentou 7,3%, mais 1,7 milhão de pessoas no primeiro trimestre de 2022 frente ao mesmo período do ano anterior. Ao todo, são 25,3 milhões de pessoas no país trabalhando por conta própria.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (excluindo os trabalhadores domésticos) apresentou uma alta de 1,1% (mais 380 mil pessoas) ante o trimestre anterior e de 10,7% na comparação anual (mais 3,4 milhões de pessoas). Ao todo, são 34,9 milhões de pessoas no país trabalhando com carteira assinada.
Já o número de empregados sem carteira assinada no setor privado subiu 19,3% (são 2 milhões de pessoas), frente a igual período de 2021. Ao todo, são 12,2 milhões de pessoas no país trabalhando sem carteira assinada.
Fonte: Página 8