O relator da CPI da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), diz já ter “provas sobejas” da existência de um “ministério paralelo” da Saúde e da falta de prioridade do governo federal para a compra de vacinas.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), em entrevista coletiva, afirmou que já tem “provas sobejas” da existência de um “ministério paralelo” da Saúde e da falta de prioridade do governo federal para comprar vacinas. O relatório final da CPI deve ser apresentado e votado pela comissão até o dia 8 de agosto.

Os trabalhos da CPI completaram um mês na última quinta-feira (27) e ainda faltam dois meses para concluir as investigações. Isto se o colegiado não tiver sua agenda prorrogada, o que pode ser feito por novo requerimento.

Ao completar 30 dias de coleta de informações por meio de vasta documentação e também de muitos depoimentos, a CPI já colheu muitos e relevantes dados que estavam escondidos da população brasileira. E aos poucos, a cada depoimento de testemunha, novos e importantes fatos vêm à tona com as investigações que avançam no Senado.

“Temos provas sobejas da existência de um instituto paralelo, de uma consultoria paralela que despachava com o presidente da República e decidia, diferentemente do que acontecia com o próprio Ministério da Saúde. Temos já a comprovação de algumas pessoas que participaram dessa consultoria”, afirmou Renan, sem citar nomes, veicula a agência Senado.

Para o relator, a CPI da Pandemia também já conseguiu comprovar a falta de empenho do Palácio do Planalto para a compra de imunizantes contra o coronavírus. Segundo o senador, o presidente Jair Bolsonaro “não acredita na eficácia” das vacinas e por isso preferiu apostar no tratamento precoce e em drogas como a cloroquina.

A falta de compromisso do presidente com a gestão eficaz da pandemia, que o obrigaria a seguir os protocolos básicos de saúde e sanitário para evitar a expansão do contágio do vírus, talvez o tenha feito apostar na tese do contágio em massa para não ter de gastar recursos públicos para reduzir a taxa de contágio.

“O que nós queremos investigar é se essas coisas foram priorizadas, em detrimento da vacinação dos brasileiros. Isso poderia ter salvado muitas vidas que se foram. O grande problema do Brasil permanece: o governo não comprou vacina apenas porque não quis. O governo não comprou vacina porque não acreditava na eficácia da vacina e, por isso, queria o tratamento precoce”, criticou Renan.

“O presidente dizia que quem tomasse vacina viraria jacaré, que ia nascer barba nas mulheres, que o homem iria afinar a voz. Ele estava sentado em cima de um cheque de R$ 20 bilhões dado pelo Congresso Nacional e não ia comprar nenhuma vacina”, acrescentou.

Na sexta-feira (28), Renan Calheiros e outros senadores visitaram à sala-cofre da CPI no Senado. A comissão recebeu mais de 300 gigabytes em documentos. Desse total, 100 gigabytes respondem por informações consideradas sigilosas. Para se ter uma ideia do volume de dados, a CPMI da Fake News — instalada em setembro de 2019 — recebeu até agora cerca de 5 gigabytes em documentos.